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Ibovespa recua à espera de Draghi; dólar cai

25/08/2017 13h51

Depois de subir 3,12%, na semana, o Ibovespa tem uma queda de 0,46% aos 70.806 pontos, às 13h40, com giro financeiro considerado fraco para o horário, de R$ 2,1 bilhões, projetando R$ 5,3 bilhões para o final do dia. De acordo com operadores, o recuo do Ibovespa faz parte de um ajuste de preços e não muda a trajetória de alta para o índice. A avaliação é de que o Ibovespa deve testar os 71.900 pontos e depois tentar superar a marca histórica dos 73.500 pontos.


No fim da manhã, a presidente do Fed, banco central americano, Janet Yellen, discursou durante a abertura do simpósio de Jackson Hole. A fala de Yellen não teve forças para interferir no comportamento do mercado de ações. A presidente não fez referência a suas intenções sobre os juros e nem à redução dos passivos da instituição. Entretanto, a falta de menção à política monetária seria um sinal de que ela não estaria inclinada a continuar à frente do Fed. O mandato termina no início de fevereiro.


Passado o discurso de Yellen, os investidores aguardam a fala do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, às 16h, em Jackson Hole. É esperado que ele fale sobre a recente força do euro e sobre a retirada do programa de estímulos.


Aqui, as ações da Vale, que chegaram a operar com alta durante o pregão, inverteram o movimento. O papel ordinário tinha baixa de 0,18%, mas ainda acumulava ganhos de 6,81%. A recente perspectiva mais positiva para o preço das ações levou a um desmonte de posições vendidas. A alta dos papéis neste mês é reflexo de uma percepção mais positiva em relação aos ganhos do minério de ferro. Os investidores que apostavam que em algum momento o preço deveria cair com mais intensidade começaram a reduzir as posições vendidas.


Segundo os dados mais recentes da bolsa, os contratos em aberto de operações de empréstimo de ativos das ações ordinárias da Vale caíram 6% entre quarta-feira e ontem estavam em 92.646.244 ações registradas. Desde o início do mês, os contratos em aberto de empréstimo de ações da Vale aumentaram 63%, passando de 56.539.392 ações para 92.646.244 papéis, o que mostra o potencial do ajuste que pode ser feito nos próximos dias.


Já as ações da Petrobras mantinham o movimento de alta. Os papéis preferenciais subiam 0,43% e as ações ordinárias ganhavam 0,69%. Os contratos futuros de petróleo tipo WTI tinham alta de 0,44% a US$ 47,66 o barril. Outra notícia favorável a petroleira é a reestruturação societária da BR Distribuidora, considerada um passo importante na direção da abertura de capital da companhia.


Segundo analistas, a operação resolve um dos principais complicadores para a venda da BR: a dívida de R$ 6,3 bilhões da Eletrobras com a Petrobras, mas que estava contabilizada como recebível da distribuidora. Com a realização da cisão e a separação desse recebível, esse problema fica eliminado no processo de abertura de capital da companhia.


As ações do sistema financeiro operam com leves oscilações e comportamentos distintos. A maior queda é das unit do Santander, que recua 0,57%, já a maior alta está com os papéis do Banco do Brasil, que sobem apenas 0,06%.


A ação que mais sobe hoje é a JBS, com valorização de 4,03%, seguida pela Suzano Papel e Celulose, com alta de 2,92%. Ontem, o Valorinformou que a homologação do acordo de leniência da J&F resolve uma das pendências que a JBS tinha para contar com balanço auditado pelo auditor. Os ajustes contábeis devem levar cerca de três meses. A empresa terá de fazer ajustes porque admitiu ter pago propina pro meio de notas frias emitidas pela JBS, entre outras irregularidades.


As ações da Suzano têm registrado recentes altas com as perspectivas mais favoráveis para os preços da celulose juntamente com a possibilidade de uma fusão entre Suzano e Fibria. Nesta semana, a ação já subiu 3,35%.


Dólar


A alta do dólar durou pouco na manhã desta sexta-feira e a divisa americana já volta a operar em viés de baixa. A baixa, entretanto, é mais amena que dos pares. A movimentação dos ativos globais se apoiou no discurso da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen. A dirigente não comentou diretamente sobre o futuro da política monetária, aliviando algum receio de que poderia indicar uma atuação mais dura no processo de elevação de juros. O silêncio de Yellen abriu caminho para nova rodada de desvalorização do dólar pelo mundo.


Por ora, a relativa calmaria nos mercados internacionais contribui para o fluxo recente de notícias consideradas positivas no Brasil. A semana contou com o anúncio do pacote de privatizações e novo sinal de inflação baixa, com aumento de apostas de corte da taxa básica de juros, a Selic. Para a manutenção desse ambiente favorável aos ativos financeiros, os profissionais ainda aguardam continuidade dessa "agenda positiva".


"Ainda parece que há um 'pipeline' de notícias positivas, que precisa se confirmar", diz o sócio e gestor na Absolute Investimentos, Roberto Serra. A semana que vem conta agenda importante na política. Espera-se a votação no Congresso das novas metas fiscais e novo avanço para aprovação definitiva da Taxa de Longo Prazo (TLP).


E até o momento, não há alarmismo com nova denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer. "É algo esperado. O mais nocivo é o risco de atraso de votação, mas deve trazer uma piora comedida, se tiver piora nos mercados", acrescenta Serra. Nesse caso, o risco é de que apareça algum "fato novo" no caminho, como nova delação.


O ponto de alerta para os mercados, entretanto, é uma confiança exagerada. Com isso, alguns agentes financeiros apontam para uma assimetria nos riscos. Isso significa que o impacto negativo de uma frustração seria muito maior que a confirmação de algo esperado.


Hoje, o ganho dos ativos brasileiros já não acompanha o ritmo dos pares. Por volta das 13h40, o dólar comercial cai 0,12%, cotado a R$3,1425, mantendo-se bem próximo da estabilidade na semana.


Num lista de 33 divisas globais, apenas o peso argentino perde terreno. Em geral, as divisas pares do real têm valorização firme, liderando os melhores desempenhos do dia. Permanece a leitura de que a atividade econômica tem se recuperado nos EUA mas ainda não se traduz em clara pressão inflacionária. Para os mercados emergentes, isso pode significa contínua entrada de recursos para seus ativos.


Agora as atenções se voltam para o discurso do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, às 16h. Não se descarta alguma surpresa em torno de argumentos sobre o processo de retirada de estímulos na zona do euro. No entanto, a leitura é de que o dirigente tampouco deve trazer novidades. Isso porque foi reforçado na última ata do BCE que instituição assumiria uma postura mais "cautelosa" uma vez que os mercados estariam sensíveis a novas informações, aumentando o risco de uma "interpretação exagerada".






Juros


Os juros futuros voltam a operar em baixa nesta sexta-feira, revertendo a alta pontual desta manhã. As taxas até ensaiaram avançar em meio a apreensão de que a presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, poderia sinalizar um aperto monetário mais duro que o precificado hoje. No entanto, a dirigente não comentou diretamente sobre aumento de juros ou a redução de seu balanço patrimonial, abrindo espaço para nova rodada de ganhos de ativos de risco.


Por volta das 12h50, o DI janeiro/2018 cai a 7,895% (7,930% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2019 recua a 7,820% (7,870% no ajuste anterior).


O DI janeiro/2021 baixa a 9,260% (9,300% no ajuste anterior) enquanto o dólar comercial opera a R$ 3,1470 (0,02%).