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Sinalização do Fed sobre elevação gradual do juro segura alta do dólar

26/09/2017 17h45

O dólar ainda dá indícios de que segue buscando um patamar de equilíbrio de curto prazo. A sinalização de que o Federal Reserve deve ser gradual em seu aperto monetário ajudou a afastar a moeda das máximas. Ainda assim, a divisa terminou a sessão em alta moderada, amparado pelo movimento lá fora.


No fim da tarde, apenas duas moedas ganhavam terreno ante o dólar numa lista de 33 divisas globais. Os papéis de emergentes tinham um desempenho até menos negativo que os demais, mas ainda insuficiente para reverter as baixas. Por aqui, a cotação ficou em R$ 3,1659, em alta de 0,26%, com alguma distância frente à máxima da sessão, de R$ 3,1746.


Às 17h15, o contrato futuro para outubro subia 0,21%, a R$ 3,1675.


O dólar, em termos globais, pode ter chegado ao limite de queda, na avaliação do economista Silvio Campos Neto, da Tendências. "Já estávamos observando um movimento mais 'esticado' nos ativos de risco", acrescenta o especialista.


O suporte para o movimento vem do sinal - deixado pela maioria dos dirigentes do Fed - de que ainda há espaço para nova elevação de juros neste ano. As apostas no mercado de juros americano indica cerca de 78% de chance de uma elevação da taxa em dezembro, de acordo com cálculos do CME Group. O valor é bem superior aos quase 40% de um mês antes. "O panorama ajuda a esfriar um otimismo excessivo de parte do mercado", diz Campos Neto.


Na Tendências, a projeções para o dólar no fim de 2017 ainda é de R$ 3,15. Para o ano seguinte, espera-se que a cotação suba para R$ 3,25, com o risco de muita volatilidade por causa das eleições. Esse cenário contempla a vitória de um candidato que se disponha a manter a atual agenda econômica. Uma surpresa negativa, nesse ponto de vista, levaria a taxa para perto de R$ 4.


Segundo o sócio gestor da Flag Asset Management, Sérgio Goldenstein, a alta do dólar ainda é fruto da reprecificação da curva de juros do Federal Reserve, que passou a contemplar mais uma alta de juros em dezembro, o que tem efeito direto sobre o desempenho da moeda americana no exterior. Mas, para ele, trata-se de um ajuste, que tende a perder força porque o mercado continua esperando que o Fed atue de forma muito gradual no processo de aperto monetário.


O profissional de Tesouraria de um grande banco doméstico não enxerga uma reversão de cenário na dinâmica entre o real e o dólar. "Existem incertezas que não se apoiam em fundamentos macroeconômicos, como a relação entre Estados Unidos e Coreia do Norte", diz. Do lado de um aperto monetário do Federal Reserve, "o que mais afetaria seria o aumento muito grande do ritmo de elevação de juros, cenário em que ninguém trabalha", acrescenta.


Os números divulgados nesta terça-feira pelo Banco Central confirmam que o fluxo de recursos externos ganhou tração em setembro, refletindo esse ambiente mais positivo para bolsa e também investimento direto. Houve ingresso líquido de US$ 2,949 bilhões em setembro até o dia 22, sendo que US$ 1,823 bilhão veio pela conta financeira. Para a bolsa, houve ingresso de US$ 1,053 bilhão e, para a renda fixa, US$ 373 bilhões. No Investimento Direto no País (IDP), o saldo ficou positivo em US$ 5,1 bilhões no mesmo período.


O que também favorece o comportamento do câmbio é a queda de inflação e a recuperação da economia, diz o diretor de operações internacionais do Banco Paulista e da Socopa, Tarcísio Rodrigues Joaquim. Há ainda leitura de que as novas denúncias contra o presidente Michel Temer devem ser barradas na Câmara de forma mais tranquila que na primeira ofensiva da Procuradoria Geral da República (PGR). O risco, contudo, é que o processo postergue "uma das principais necessidade do país, a reforma da Previdência", diz. "Tem tendência positiva por causa da economia, mas azeda com a política e os sustos do exterior", acrescenta, ao citar os atritos entre Coreia do Norte e EUA.


Para o curto prazo, o diretor da Wagner investimentos, José Faria Junior, afirma que o dólar ainda deve respeitar esta região em torno de R$ 3,18. "Se romper, deverá ser movimento global e tende a subir um pouco mais, em torno de R$ 3,22", diz. Ele alerta que nos próximos dias o mercado pode ter alguma instabilidade adicional por causa da formação da taxa PTAX de fim de mês, que serve de referência para liquidação de derivativos cambiais.