Dólar e juros têm viés de baixa apesar do risco de rebaixamento
Apesar do risco de novo rebaixamento do rating do Brasil, o dólar e os juros futuros operam em viés de baixa na manhã desta terça-feira. Profissionais de mercado comentam que a direção dos ativos é decorrente mais de ajustes técnicos, aproveitando níveis elevados das taxas, do que uma melhora de fundamentos.
O dólar opera em baixa de 0,29%, a R$ 3,3248, interrompendo a sequência de três altas consecutivas.
O comportamento positivo do câmbio, pelo menos por ora, também contribui para os juros futuros. O DI janeiro de 2021 recua a 9,150%, ante 9,210% no ajuste anterior.
Um dos principais pontos de atenção entre os agentes financeiros é a situação fiscal do país. Com o adiamento da votação da reforma da Previdência para 2018, a apreensão nas mesas de operação também vem do risco de rebaixamento no Brasil. O anúncio da S&P Global Rating é esperado para esta semana, o que já teria sido relatado ao governo, embora o conteúdo da decisão não esteja confirmado.
Há um aparente consenso no mercado de que - em menor ou maior grau - o downgrade teria impacto negativo nos ativos. Por outro lado, alguns profissionais comentam que o estresse seria limitado. Para o estrategista-chefe do banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno, a própria postergação da reforma já teria levado o mercado a incorporar o risco de rebaixamento nos preços. "E o país já não tem mais grau de investimento, por isso, novas mudanças devem gerar algum nervosismo nos ativos, mas com efeito apenas moderado nos preços", diz o especialista.
Caso o receio sobre o rating não se concretize, alguns profissionais enxergam inclusive algum potencial de melhora nos preços de mercado. "O cenário não é muito positivo e o evento da S&P é preocupante, porque indica que o governo não está conseguindo avançar na reforma", diz o sócio e gestor na Leme Investimentos, Paulo Petrassi. "Mas se não houver o rebaixamento da S&P, o mercado pode até dar uma melhorada e volta a focar no cenário de eleição", acrescenta.
O julgamento do recurso do ex-presidente Lula no TRF-4 no final de janeiro é tido como um catalisador de peso no mercado. Isso porque uma decisão contrária ao petista, já condenado em primeira instância, sinalizaria dificuldades para concorrer à presidência em 2018. Lula é considerado como um dos potenciais riscos à atual diretriz econômica, centrada na agenda de reformas.
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