Ibovespa faz pausa nos ganhos com atenção em Eletrobras; dólar oscila
Após dias consecutivos de ganhos, o Ibovespa oscila ao redor dos 81 mil pontos, passando de leves quedas para leves altas. Segundo profissionais, o movimento é natural após o ganho acumulado de 6,06% nas primeiras sessões deste ano.
Às 13h30, o Ibovespa recuava 0,08%, aos 81.285 pontos. Na máxima do dia, alcançou 81.437 pontos, mas chegou a cair até 80.923 pontos.
"O mercado continua forte, mas é normal que faça uma pausa, até para retomar fôlego para novas altas", afirma Eduardo Roche, da Genial Investimentos.
A expectativa pelo julgamento do ex-presidente Lula, na quarta-feira, é o evento mais aguardado nesta semana e pode, na visão dos profissionais, determinar a trajetória dos mercados nas próximas semanas. Diante disso, Roche diz que os investidores podem começar a diminuir um pouco o ritmo. "Os estrangeiros, que ampliaram alocação recentemente, estão bastante atentos a esse evento", diz.
A leitura dos analistas é de que os mercados têm nos preços uma chance muito maior de a condenação de Lula ser confirmada num placar unânime, o que reduz muito o espaço para que ele venha a se candidatar. Assim, caso esse cenário se confirme, a bolsa pode ter um ganho adicional. "Mas não uma euforia, porque a bolsa já subiu muito sob essa expectativa", diz Roche. Já um placar dividido, de 2 a 1, mantém a incerteza sobre a candidatura do petista, o que traria uma possível realização de lucros.
Na cena corporativa, o destaque é Eletrobras, cujas ações dispararam hoje sob efeito da notícia de que o governo enviou hoje o projeto de lei da privatização da companhia ao Congresso. Às 13h13, Eletrobras ON subia 11,03%, enquanto Eletrobras PNB avançava 7,97%. "Mas, no ano, as ações ainda recuam, o que mostra que o mercado não tem convicção de que a privatização vai acontecer este ano", diz Roche. "Embora seja possível entender o motivo da alta dessas ações, que são muito voláteis, o mercado sabe que, em ano eleitoral, é muito difícil quebrar a resistência política e levar a privatização adiante."
Outro tema que concentra as atenções é a notícia de que a Petrobras estuda uma reorganização societária na Braskem, envolvendo a unificação das ações. A ação da petroquímica está entre as maiores altas do Ibovespa e há pouco, subia 2,25%, aos R$ 51,85. Na máxima, atingiu R$ 52,64.
Dólar
O dólar reverte a queda do começo do dia e volta a operar em torno de R$ 3,20. O nível tem se provado um firme suporte para o mercado, principalmente diante da cautela antes do julgamento do ex-presidente Lula.
A posição mais defensiva deve permanecer, pelo menos, até esta quarta-feira. A confirmação da condenação de Lula é o cenário-base de boa parte dos investidores para o evento do dia 24.
A expectativa de uma decisão unânime já respaldou o bom momento do mercado e, caso confirmado, ainda pode renovar ânimos. Para o estrategista da Coinvalores, Paulo Nepomuceno, a moeda americana tende a tocar R$ 3,10 ou vir abaixo desse nível, enquanto os juros longos também apontariam para baixo.
No entanto, a dúvida com um placar dividido e a ansiedade antes do evento já inibem o aumento da exposição. Esse cenário, diz Nepomuceno, levaria o dólar a subir mais, contudo ainda respeitando a casa de R$ 3,30. Uma disparada seria contida pelo ambiente externo ainda favorável, mas também pela capacidade do Banco Central em segurar o movimento com uso de swap cambial.
Por volta das 13h30, o dólar comercial subia 0,04%, a R$ 3,2017, tendo tocado mínima em R$ 3,1837.
Já o contrato futuro para fevereiro avançava 0,19%, a R$ 3,2080.
Os investidores já têm se prontificado para encarar o julgamento, o que diferente este evento da crise política gerada pelas conversas entre o Joesley Batista e o presidente Michel Temer. Uma estratégia, por ora, é realizar lucros e diminuir posições. "Mercado já tem data marcada, com cenários e evoluções estimadas", diz o operador de uma corretora paulista.
Alguns especialistas alertam que, embora o evento seja importante, ele não liquida as dúvidas do radar. "Tendo em vista que o processo ainda poderá passar por diversos recursos em outras instâncias do judiciário (e.g. STJ, STF, TSE), é possível que certo grau de incerteza quanto a esta questão (estritamente jurídica, mas com indiretas consequências eleitorais) permaneça pelos próximos meses", aponta o economista-chefe do Rabobank Brasil, Maurício Oreng.
Aos poucos, o cenário externo também deve deixar de ser tão favorável para emergentes. Na avaliação da Capital Economics, o Federal Reserve deve elevar quatro vezes os juros em 2018, uma alta a mais do que os mercados estão atualmente precificando, o que levaria a um dólar mais forte. Além disso, o recente aumento nos preços do petróleo só deve ser temporário e retornarão para US$ 55 por barril até o final deste ano.
"O sentimento global positivo para mercados emergentes deve diminuir à medida que o crescimento econômico agregado desses locais fica aquém das expectativas otimistas de consenso", aponta a consultoria. "Acreditamos que o recente rally nas moedas emergentes está chegando ao fim e que a maioria terminará 2018 mais fraca do que os níveis atuais", acrescenta.
Juros
O mercado de juros futuros entra na reta final de ajustes antes do julgamento do ex-presidente Lula. As taxas operam em viés de alta nesta segunda-feira, numa posição mais cautelosa dos investidores, que também cobram um pouco mais de prêmio para se posicionar ao longo da curva.
A taxa projetada pelo contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 marca 8,940% ante o nível de 8,930% no ajuste anterior.
Com prazo mais longo, o DI para janeiro de 2023 é negociado a 9,720%, de 9,690% no ajuste anterior.
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