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Tucanos se dedicam à "política de auditório", afirma Dilma

23/01/2018 12h21

(Atualizada às 15h08) A ex-presidente Dilma Rousseff afirmou nesta terça-feira (23), em Porto Alegre, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "não é um radical", mas está do lado do "povo brasileiro", sabe "construir" e sabe que "o país que foi ferido precisa se reencontrar".


Em ato de apoio ao ex-presidente, que será julgado na amanhã (24) pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), Dilma disse que o "golpe" contra o governo do PT "politicamente fracassou".


"Qual liderança do golpe sobrevive ao escrutínio popular? Nenhuma", afirmou no alto de um carro de som diante da Assembleia Legislativa gaúcha. De acordo que ela, todos os possíveis candidatos do PSDB foram "praticamente destruídos" e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o "único que restou, não tem apoio popular nenhum".


Dilma disse ainda que "invenções" como o prefeito de São Paulo, João Doria, transformaram-se na sua "real proporção: do ponto de vista nacional, nada". Numa referência ao apresentador Luciano Huck, disse que "trama-se" em alguns meios de comunicação, "como a Rede Globo", a candidatura de um "apresentador que é um bom apresentador, mas não é capacitado para ser um bom candidato".


Depois de apresentar números de programas como o Bolsa Família e Prouni durante seu governo e o de Lula, a ex-presidente acrescentou que os tucanos "gostavam de fazer política social experimental, com projetos-piloto para 2 mil, 5 mil ou 10 mil pessoas, e agora chegaram à política de auditório".


A ex-presidente voltou a afirmar que a condenação de Lula é a "terceira etapa do golpe" que iniciou com o impeachment dela e prosseguiu com a aprovação da emenda constitucional do teto de gastos, com a reforma trabalhista e a tentativa de aprovação da reforma da Previdência. "O objetivo é a privatização da Previdência como ocorreu no Chile, na Inglaterra e desde sempre nos Estados Unidos", afirmou.


Líder nas pesquisas


Segundo Dilma, o "golpe de Estado parlamentar-midiático" deu errado porque Lula tem "acima de 40% em qualquer pesquisa de intenção de voto" e agora, com o caso do tríplex do Guarujá (SP), precisa ser "aniquilado da face da Terra".


Além disso, numa referência ao pré-candidato Jair Bolsonaro, afirmou que o efeito colateral foi a emergência de setores de extrema-direita que "defendem a tortura e acham que as mulheres, as populações negras e indígenas não merecem reconhecimento".


A ex-presidente também defendeu a inocência de Lula e disse que o processo contra ele é de "perseguição política", porque as acusações não têm provas. De acordo com ela, apesar do risco de manutenção da condenação contra ele pelo TRF-4, o PT não busca alternativas ao ex-presidente para disputar a eleição deste ano porque ter um "plano B quando se trata de um inocente é covardia".


Dilma chegou ao ato "Mulheres pela democracia e pelo direito de Lula ser candidato" de carro pouco antes das 12h30. Ela seguiu por um corredor de segurança formado por mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) até o carro de som, de onde discursou por pouco mais de 30 minutos. Em seguida, embarcou no carro e saiu sem dar entrevista.




Sem luz


Um corte no fornecimento de energia atrasou o início do ato. A princípio, seria um seminário na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, com início às 9h. Mas por volta das 11h, a organização informou que o evento seria transferido para a rua, em frente ao prédio, devido a um "apagão".


O auditório da Assembleia, com capacidade para 560 pessoas sentadas, ficou lotado e às escuras. Quando a luz acabou, a plateia já estava ocupada e havia gente esperando do lado de fora.


Conforme informações da assessoria da bancada do PT, que preside o Legislativo gaúcho neste ano, o problema ocorreu no gerador, que é acionado quando a rede elétrica convencional não dá conta da demanda por energia. Não havia previsão para o retorno da luz.


A deputada Maria do Rosário (PT-RS) disse que o corte na energia foi para prejudicar o ato com Dilma. "Não sabemos se essa falta de energia não é mais uma provocação barata desse governo [estadual, comandado por Ivo Sartori, do MDB]", disse. "Pode ser um boicote de caráter político. Esse método de segurança do governo traz pânico e gera terror."


Segundo a deputada, "cortaram a luz, mas isso só fez com que a gente fosse mais rápido para a rua".


O público do evento foi formado majoritariamente por mulheres. Elas usaram camisetas com o rosto de Lula, de Dilma e com frases como "Lula, ladrão, roubou meu coração", "Somos todos Lula" e "Não há provas".