IGP-DI deve manter trajetória de desaceleração, diz FGV
A combinação de minério de ferro e itens agrícolas mais baratos enfraqueceu a inflação apurada pelo Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI).
Entre dezembro do ano passado e janeiro deste ano, a taxa do indicador diminuiu de 0,74% para 0,58%, e vai continuar a desacelerar, na avaliação de André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
Para o especialista, o IGP-DI deve continuar a mostrar taxas positivas, mas distantes de zero. Isto porque os produtos agrícolas devem continuar a diminuir de preço no atacado - com possibilidade de repasse de desacelerações e de quedas de preços para respectivos derivados no varejo, comentou ele.
De dezembro para janeiro, a inflação atacadista, apurada pelo Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) e que representa 60% do IGP-DI, caiu para quase pela metade, de 1,07% para 0,58%. Braz comentou que houve recuo de preços nos principais tipos de carne consumidos pelos brasileiros, no mesmo período.
É o caso de carne bovina (de 1,76% para -3,02%); aves (de -0,55% para -3,60%) e suínos (de 3,54% para -0,96%). Estes produtos diminuíram de preço beneficiados por rações mais baratas.
"O preço da ração é um preço muito ligado ao da soja e o do milho, que estão muito bem comportados", acrescentou o especialista. Segundo ele, o preço da soja acumula recuo de 6,84% em 12 meses até janeiro; enquanto que o do milho tem deflação de 18,16% no mesmo período.
No caso específico da soja, Braz lembrou que este item é o produto agropecuário de maior peso na formação da inflação atacadista, e representa sozinho em torno de 5% do total do IPA. De dezembro para janeiro, a variação no item passou de alta de 0,91% para queda de 2,90%, devido a boas notícias de oferta. "A soja teve contribuição negativa, ou seja, retirou do IPA, de 0,20 ponto percentual [de dezembro para janeiro]", afirmou ele.
A contribuição negativa da soja só não foi mais forte do que a do minério de ferro, cuja inflação enfraqueceu de 11,10% para 3,49% no mesmo período, o que tirou 0,34 ponto percentual do IPA no período. O item também representa em torno de 5% do total da inflação atacadista. "O preço do minério é bastante volátil no exterior, e agora mostra trajetória descendente", explicou.
Na contramão do atacado, os preços no varejo medidos pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) aceleraram de 0,21% para 0,69% entre dezembro e janeiro, impulsionados por produtos in natura mais caros, como hortaliças e legumes (de 0,27% para 1,23%) e reajustes em mensalidades escolares, que elevaram preço de cursos formais (de 0,0% para 5,84%).
Entretanto, Braz comentou que os dois efeitos são passageiros e característicos do primeiro mês do ano. "E, com os agrícolas mais baratos no atacado, teremos surpresas boas no rol dos alimentos dentro do varejo", afirmou, reiterando acreditar em repasses dos recuos das matérias-primas agropecuárias atacadistas junto ao consumidor.
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