Pedro Parente pode ser o novo presidente do conselho da BRF
(Atualizada às 15h55) O conflito societário na BRF pode ter mais uma reviravolta. Depois de interromperem as negociações para chegar a uma chapa de consenso para a eleição do conselho de administração, o empresário Abilio Diniz retomou as tratativas com os fundos de pensão Petros e Previ. O Valor apurou que o presidente da Petrobras, Pedro Parente, é o nome de consenso para comandar o conselho de administração da BRF a partir da assembleia de acionistas, em 26 de abril.
A expectativa de quem acompanha a disputa é que, se confirmado, Parente confira credibilidade à companhia brasileira, "zerando" a disputa entre os acionistas e concentrando as atenções na recuperação da empresa de alimentos, que amargou prejuízo líquido de R$ 1,1 bilhão no ano passado.
Pelos planos, o CEO, José Aurélio Drummond, deverá seguir à frente da empresa. Há confiança de que, sob Parente, o executivo teria tranquilidade para implementar as mudanças que pretende fazer para recuperar a BRF.
No curto prazo, a BRF terá de lidar com as dificuldades operacionais decorrentes do provável embargo da União Europeia. Mas o entendimento é que a empresa tem liquidez para atravessar a turbulência.
No longo prazo, o desafio é dar fluidez à longa cadeia agropecuária e industrial da companhia, o que levará de dois a três anos, segundo executivos do setor. A avaliação é que, durante a gestão de Pedro Faria ? sócio-fundador da gestora Tarpon ?, a BRF perdeu a capacidade de gerenciar sua cadeia produtiva, perdendo diferenciais competitivos em áreas-chave como a compra de grãos.
Disponibilidade
Para assumir a presidência do conselho de administração da BRF, Parente deve deixar a liderança do conselho da B3, segundo fontes próximas ao debate societário da companhia de alimentos. O mandato do executivo vai até abril de 2019, na assembleia geral de aprovação das contas do balanço de 2018.
Parente, contudo, vai permanecer à frente da presidência executiva da Petrobras, maior estatal do país e uma das principais blue chips do mercado brasileiro, cargo que assumiu em 2016.
A divulgação, pelo Valor PRO? serviço de informações em tempo real do Valor?, da indicação de Parente como novo de consenso para solucionar o conflito societário da BRF deixou os principais atores do caso preocupados com questões diplomáticas e políticas ligadas ao executivo.
Acionistas de todos os lados da BRF ? Abilio Diniz, famílias herdeiras da Sadia e fundações ? julgam que Parente é o nome que a companhia precisa para encerrar o clima de discórdia e iniciar uma temporada de consenso para transformação da empresa na governança e na definição da estratégia operacional.
A única preocupação, neste momento, é com a questão da disponibilidade de tempo do executivo, dado que a função na Petrobras é altamente demandante.
Perfil
Antes da estatal, Parente, 65 anos, presidiu a Bunge Brasil de janeiro de 2010 a abril de 2014. De 2003 a 2009, foi vice-presidente do Grupo RBS.
O executivo iniciou a carreira no serviço público no Banco do Brasil em 1971. Dois anos depois, foi transferido para o Banco Central. Também foi consultor do Fundo Monetário Internacional (FMI) e de instituições públicas no País, incluindo Secretarias de Estado e a Assembleia Nacional Constituinte de 1988. Atuou em diversos cargos na área econômica do Governo.
Foi Ministro de Estado (1999-2002), tendo sido o coordenador da equipe de transição do Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso para o Presidente Lula. Neste período, também presidiu a Câmara de Gestão da Crise de Energia (2001-2002) durante a crise do racionamento.
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