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Ajuste dos juros dos EUA afeta Ibovespa; dólar é negociado a R$ 3,44

23/04/2018 14h01

A alta dos juros dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos para perto dos 3% comprometeu o apetite por risco no mundo e voltou a pressionar o Ibovespa nesta segunda-feira.

O que define os movimentos nos mercados hoje é, mais uma vez, o risco de a inflação voltar a subir nos Estados Unidos, o que pressiona os juros americanos. O risco, dizem profissionais, é a constatação de que os índices de preço vão subir mais do que se previa e leve o juro de dez anos para cima de 3%, o que imporia, necessariamente, um ajuste de posições em diferentes mercados. Hoje, essa taxa chegou muito perto desse patamar, mas retrocedeu, o que contribuiu para dar algum alívio aos preços.

Às 13h50, o Ibovespa operava em baixa de 0,09%, aos 85.476 pontos. Na mínima, escorregou para 84.711 pontos.

Ao longo da manhã, foram as blue chips - ligadas a commodities - as que pressionaram o Ibovespa, com quedas expressivas. Mas o movimento perdeu força no fim da manhã, à medida que o mercado externo também mostrou alívio.

Petrobras PN recuava 0,54% e Petrobras ON declinava 0,78%. Já Vale declinava 0,25%.

Kroton ON subia 5,11%, em resposta à notícia de que a empresa está comprando a Somos Educacional. Com essa reação, Kroton consegue anular a desvalorização acumulada no mês e passa a subir cerca de 3%.

Mas também chamam a atenção as ações de varejo chamam a atenção. Lojas Renner aumentava 0,42%, Magazine Luiza ganhava 2,52%, Lojas Americanas avançava 2,15% e Pão de Açúcar, 3,46%. Na contramão, Via Varejo recuava 0,21%.

Câmbio

O mercado de câmbio começa a semana sob forte pressão do salto dos juros de mercado nos Estados Unidos, que volta a preocupar investidores na medida em que eleva temores de saídas de recursos de mercados emergentes. Isso se reflete na queda das moedas emergentes às mínimas do ano. O desempenho do real é ainda pior, com a moeda brasileira renovando o piso desde dezembro de 2016.

Às 13h54, o dólar comercial subia 0,95%, a R$ 3,4431. Na máxima, foi a R$ 3,4486. O dólar futuro se valorizava 0,79%, a R$ 3,4426, após tocar um pico intradia de R$ 3,4510.

Como um todo, o dólar subia cerca de 1% frente a divisas emergentes, maior alta desde fevereiro. A alta é generalizada e ocorre num dia de uma forte rota ascendente dos juros dos títulos soberanos americanos, considerados referência para a precificação de vários ativos em todo o mundo.

Hoje, o retorno ("yield") do Título do Tesouro americano com vencimento em dez anos por pouco não bateu o nível de 3%. Ainda assim, já oscila nas máximas em quatro anos. A alta das taxas reflete questões macroeconômicas e fiscais e, de forma geral, torna mais atrativos investimentos na moeda americana.

No Brasil, o movimento do dólar apenas intensifica a pressão sofrida pelo real nos últimos meses. A divisa brasileira tem operado nas mínimas em cerca de dois anos frente a seus principais pares, sob o peso adicional das incertezas políticas.

A falta de previsibilidade eleitoral tem sido refletida nas projeções do mercado para a taxa de câmbio, mas as previsões seguem considerando alguma valorização do real até o fim do ano.

A estimativa para o dólar ao fim de setembro - véspera das eleições - está em R$ 3,38 - acima do prognóstico de R$ 3,32 do começo de setembro, mas bem abaixo dos R$ 3,44 alcançados nesta segunda-feira.

Juros

As taxas dos contratos de DI de prazos mais longos operam em firme alta nesta segunda-feira, sob nova rodada de pressão externa. Os juros futuros se ajustam à elevação dos juros dos títulos americanos, que servem de referência para o custo de crédito global.

Prevalecem nos mercados globais preocupações com uma inflacionária nos Estados Unidos por causa da valorização das commodities, o que poderia levar o Federal Reserve (Fed, banco central americano) a endurecer sua política monetária. As chances de, pelo menos, quatro altas de juros em 2018 estão em 49,1%, ante 39,4% há uma semana, de acordo com cálculos do CME Group, com base nos juros futuros americanos.

Essa leitura se traduz em aumento dos rendimentos dos Treasuries, que puxa também uma alta do dólar. O juro da T-note de 10 anos, inclusive, ronda a barreira psicológica de 3%, após tocar o maior nível desde 2014 na semana passada. Vale destacar que, em fevereiro, o "crash relâmpago" das bolsas de Nova York foi justamente acompanhado pela alta das taxas dos títulos americanos.

No entanto, a alta das commodities pode representar um risco "apenas marginal" para a política do Fed.

Para os emergentes, os fundamentos ainda seguem positivos e devem ajudar a enfrentar o ambiente de juros mais altos nos EUA.

Alguns profissionais de mercado tampouco enxergam grandes riscos para o ciclo de flexibilização monetária no Brasil. Isso porque a piora das condições externas ainda se mantém como um risco, inclusive já comentado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em suas comunicações, mas não se confirmou num aumento consistente dos custos de crédito globais.

Por volta das 14 horas, os juros mais curtos operavam perto da estabilidade: o DI janeiro/2019 marcava 6,220% (6,215% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2020 tinha 6,900% (6,890% no ajuste anterior).

Já o DI janeiro/2021 subia a 7,910% (7,870% no ajuste anterior); oDI janeiro/2023 apontava 9,140% (9,070% no ajuste anterior); eo DI janeiro/2025 avançava a 9,690% (9,610% no ajuste anterior).