Dólar ronda de R$ 3,50 com mercado em busca de novo equilíbrio
A escalada do dólar se estendeu pelo quarto pregão consecutivo nesta terça-feira e aproximou a moeda ainda mais da marca psicológica de R$ 3,50, não testada há um ano e meio.
O real foi destaque de baixa nesta sessão. Num dia em que o dólar caiu em média 0,5% ante peso mexicano e lira turca, a moeda subiu 0,48% frente à divisa brasileira, para R$ 3,4681.
Desde 2 de dezembro de 2016 (R$ 3,4716) a cotação não operava em nível tão alto. Na máxima de hoje, alcançou R$ 3,4812.
Contra uma cesta de moedas de mercados importantes para o comércio exterior brasileiro, o real caiu ao ponto mais baixo desde 16 de junho de 2016.
Câmbio pressionado
Analistas não citaram uma causa aparente para a nova alta do dólar de hoje. Mas lembraram que a depreciação do real já se estende há mais de um ano e se intensificou nos últimos meses à medida que os diferenciais de juros entre o Brasil e o mundo caíram a mínimas históricas.
O menor "spread" - na prática, menor prêmio pago ao investidor para correr o risco de ficar exposto em reais - tem seu impacto negativo aumentado devido à crescente incerteza eleitoral e ao ganho de apelo de outras moedas, como o peso mexicano.
Segundo analistas, a baixa nos spreads a favor do real tem tornado mais barato o uso do câmbio como instrumento de proteção a posições em outros mercados - como Bolsa e renda fixa.
Numa evidência de que a taxa de câmbio estruturalmente pode estar mais desvalorizada, a alta do dólar tem ocorrido sem "sustos", com variações condizentes com o histórico. A oscilação mais ampla de alta neste ano foi de 1,54%, no último dia 9. A valorização em ritmo moderado e consistente indica que o mercado está levando o dólar a patamares mais altos por acreditar que o ponto de equilíbrio da moeda de fato subiu.
"Não é 'risk-off' com Brasil, não vejo piora do sentimento. A questão é que algumas variáveis que determinam o câmbio sofreram mudança estrutural. E o mercado está tentando achar qual esse novo ponto de equilíbrio", diz Roberto Serra, da Absolute Investimentos.
Segundo ele, o Banco Central teoricamente não deveria atuar neste momento para frear a alta do dólar, já que há poucos sinais de que se trata de um movimento especulativo.
Em abril, a alta já é de 4,99%. Nesse mesmo período, investidores estrangeiros e institucionais nacionais já compraram, em conjunto, US$ 7,1 bilhões em contratos derivativos de câmbio na B3 neste mês.
Com isso, o não residente elevou sua posição líquida favorável ao dólar a US$ 19,129 bilhões. É o maior patamar desde o último dia 28 de fevereiro (US$ 20,319 bilhões). Já os institucionais nacionais reduziram sua posição líquida vendida em dólar para US$ 10,874 bilhões, a menor desde 22 de fevereiro deste ano (US$ 10,785 bilhões).
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