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Dólar tem maior queda em 3 meses após atuação do BC

21/05/2018 17h50

O Banco Central tentou colocar em xeque a certeza de apostas direcionais na alta do dólar. E, pelo menos nesta segunda-feira, conseguiu. Em meio a um cenário externo bem mais ameno do que nos últimos dias, o dólar sofreu a maior queda em três meses, no primeiro em que as vendas de dólares pelo BC foram triplicadas.

No fechamento, a moeda americana caiu 1,40%, a R$ 3,6886, maior desvalorização diária desde 14 de fevereiro passado (-2,31%). É a primeira queda após seis pregões consecutivos de alta, nos quais a cotação saltou 5,49%.

No mercado futuro, o dólar para junho cedia 1,46%, a R$ 3,6865.

O quanto esse alívio vai durar ainda é alvo de dúvidas. Mas analistas ressaltam a importância do movimento do BC - não apenas o aumento das ofertas de swaps, mas também (e principalmente) a indicação clara de que poderá colocar mais dólares no mercado, se necessário. Isso foi visto como forma de preservar as chances de um "efeito surpresa" na atuação, o que, ao longo da semana passada, foi bastante defendido pelo mercado.

Para Ilya Gofshteyn, estrategista do banco Standard Chartered em Nova York, o recado do BC reforça cenários de posições favoráveis ao real, num pano de fundo em que divisas emergentes de forma geral parecem mais fracas que o justificado pelos fundamentos.

Hoje, o Banco Central vendeu todos os 4.225 contratos de swap cambial ofertados em operação de rolagem do vencimento junho. E, mais cedo, colocou todos os 15 mil "novos" contratos de swap disponibilizados ao mercado, o triplo dos lotes da semana passada.

O lote de swaps a vencer em junho soma US$ 5,65 bilhões. O volume total de swaps no mercado já está em US$ 25,798 bilhões, US$ 2 bilhões a mais do que no começo do mês.

O aumento do estoque é resultado dos cinco leilões de 5 mil contratos "novos" de swap cambial realizados na semana passada e da colocação de 15 mil feita hoje, já dentro do aumento das ofertas anunciado no fim da semana passada.

A expectativa é que, até o fim do mês, o estoque de swaps seja elevado para US$ 30,298 bilhões.

"O BC mostrou ao mercado que está atento às movimentações do câmbio", diz Carlos Pedroso, economista sênior do Banco MUFG Brasil. Segundo ele, a entrevista do ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, também ajudou a acalmar os ânimos, uma vez que nela o ministro afirmou que também o Tesouro Nacional pode atuar para amenizar a volatilidade no mercado de juros.

"Isso mostra que o governo está atuando em conjunto para seus objetivos", afirma Pedroso, do Banco MUFG Brasil.

O economista, porém, não espera que o dólar volte a patamares em torno de "R$ 3,20 ou R$ 3,30". "Estamos confortáveis com a projeção de R$ 3,40 para o fim do ano, mas até lá a volatilidade será grande e a moeda poderá subir mais", diz Pedroso.