Sem trégua no radar, juros futuros de longo prazo renovam máximas
Os juros de longo prazo não encontram espaço para alívio e já voltam a operar nos maiores níveis em um ano. A despeito da intervenção do Tesouro Nacional na renda fixa, os investidores reforçam os sinais de que ainda buscam patamares de equilíbrio diante do cenário mais adverso no exterior e as incertezas políticas por aqui.
No começo da sessão, as taxas até se ajustaram em baixa e indicavam algum respiro, mas a trégua teve vida curta. O contrato de DI para janeiro de 2027 terminou a sessão regular em alta de 23 pontos-base, a 11,560%, nível que não era visto desde 23 de maio do ano passado quando fechou em 11,720%.
A leitura dos especialistas é de que as taxas futuras têm espaço para cair um pouco mais no curto prazo, mas não voltam aos patamares anteriores à crise. Além das incertezas locais, a aversão ao risco no exterior entra no caminho do alívio.
O operador Matheus Gallina, da Quantitas, aponta que a curva de juros já tem bastante "prêmio", mais em alguns trechos do que em outros. No entanto, a dinâmica se justifica pela sequência de novidades negativas ? locais e externas ? que o mercado tem enfrentado. "Cada dia aparece um ponto diferente de preocupação e não oferece muito alívio ao mercado", diz.
Confiança ameaçada
A herança da crise dos combustíveis, que ainda demora em terminar, deve ser negativa para a confiança. O quadro é agravado pela proximidade das eleições.
"O fim da greve, quando ele chegar, não vai apagar a fragilidade do governo", diz outro profissional, que chefia uma gestora. Agora, a luta do Planalto, acrescenta, é sobreviver "de mãos atadas" até o fim do mandato sob o risco de ser "chantageado" por diversos setores. "Não vai dar para aprovar nada e aumenta a responsabilidade para o próximo governo", acrescenta o especialista.
A preocupação com situação fiscal também foi um dos principais temas do encontro de economistas que se reuniram nesta terça-feira (29) com o diretor de política econômica do Banco Central, Carlos Viana, em São Paulo.
"Voltou a preocupação com risco fiscal e eleitoral", diz um dos participantes do evento. "No último encontro deste ano, não era um grande fator de alerta e se confiava muito na eleição de um candidato reformista, mas isso agora é dúvida", acrescenta.
A piora do ambiente de negócios também afeta a atuação do Tesouro Nacional na renda fixa. Nesta terça-feira, a instituição fez a compra integral de 750 mil títulos públicos com rendimento prefixado, as chamadas NTN-Fs, num sinal de demanda elevada por "saída" do mercado. "Fica a impressão de que a demanda no leilão não foi totalmente atendida e, por isso, as taxas dos DIs voltaram a subir", diz o operador de uma corretora bastante ativa no segmento.
Não se descarta, assim, que o Tesouro tenha de elevar sua oferta na quarta (30), quando conclui a programação de ofertas desta semana. Boa parte da busca pelos papéis, dizem profissionais de mercado, pode estar atrelada à volta dos investidores estrangeiros ao mercado. Ontem, em meio ao feriado nos Estados Unidos, o Tesouro comprou apenas 28,25% de um total de até 1 milhão de papéis, que se dispôs a adquirir.
No fim da sessão regular, às 16h, o DI janeiro/2019 avançou a 6,765% (de 6,755% no ajuste anterior); oDI janeiro/2020 fechou a 7,730% (7,710% no ajuste anterior), oDI janeiro/2021 subiu a 8,880% (8,830% no ajuste anterior), oDI janeiro/2023 avançou a 10,540% (10,380% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2025 subiu a 11,200% (10,990% no ajuste anterior).
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