Dólar volta a subir mesmo com atuação do BC
A nova venda de swap cambial pelo Banco Central não foi suficiente para tirar a pressão do dólar nesta sexta-feira. Durante a tarde, foi injetado o lote de 20 mil contratos (US$ 1 bilhão), numa operação equivalente à venda da moeda americana no mercado futuro. A cotação até ensaiou uma queda naquele momento, mas logo voltou a subir, levando o real a um desempenho bem aquém dos demais emergentes.
Ao todo nesta semana, as vendas de swap cambial somaram US$ 5 bilhões, metade da estimativa que o Banco Central informou na quinta-feira passada. Para alguns operadores, essa diferença explica em, boa parte, o sinal de alta do dólar por aqui. "O mercado tinha precificado a entrada de US$ 10 bilhões de swap e hoje teve de se ajustar, mas não foi um movimento agressivo", diz um operador.
No fechamento, o dólar comercial avançou 0,50%, a R$ 3,7811, com avanço de 1,40% na semana. Com isso, a moeda brasileira teve a pior colocação numa lista de 33 divisas globais, destoando da valorização dos principais emergentes. Rublo russo, peso argentino e peso mexicano registraram ganhos de mais de 1% contra o dólar.
Para operadores de mercado, o desempenho do câmbio brasileiro indica que o risco de uma espiral de alta no dólar não está totalmente afastado. Até por isso, a disposição do Banco Central em intervir com contratos de swap cambial não deve ser alterada, embora o ritmo de ofertas líquidas possa mudar conforme a necessidade de cada dia. "O BC deve ficar na base da surpresa, vai intervir sem aviso prévio quando e como achar necessário", diz o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo.
A atuação da autoridade monetária, na avaliação dos especialistas, se faz necessária pelo nível de incertezas no radar, o que tenderia a exercer demanda por proteção no dólar. Isso, por sua vez, levaria a cotação para cima, com risco de deixar o mercado "disfuncional". As dúvidas com a cena política acabam ficando no centro desse pano de fundo mais negativo. A questão política, diz Galhardo, tira a previsibilidade sobre qualquer cenário econômico.
Começou a chamar a atenção dos investidores ainda, nesta semana, o cenário político. Na próxima terça-feira, a segunda turma do Supremo Tribunal Federal (STF) vai julgar um pedido da defesa para suspender a condenação do ex-presidente. A liberação do recurso para o julgamento foi do ministro relator da Lava-Jato no Supremo, Edson Fachin.
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