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Produção de peixes ornamentais em cidades responde por 20% do mercado

André Cabette Fábio

Do UOL, em São Paulo

24/02/2014 06h00

O Brasil tem cerca de 4.800 criadores comerciais de peixes ornamentais, de acordo com a pesquisa mais recente da Uenf (Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro), de 2012.

A maior parte das criações fica na zona rural, em áreas de 3.000 m² a 10 mil m². Mas, de acordo com Manuel Vazquez, pesquisador da Uenf, cerca de 20% são encontrados na zona urbana, em locais com até 200 m².

O mercado de peixes ornamentais, informa a pesquisa, movimenta cerca de R$ 700 milhões ao ano no Brasil. Para Vazquez, no entanto, se contados os gastos com a atividade, o mercado pode ser até oito vezes maior.

"É comum ter um peixe de R$ 10 num aquário de R$ 300, por exemplo", diz. De acordo com o pesquisador, em 2004 as importações alimentavam cerca de 15% desse mercado; hoje representam 7% devido à substituição de importações por peixes obtidos no Brasil.

O entusiasmo com o mercado não é, no entanto, unanimidade. Criador há 19 anos, principalmente de carpas coloridas (Cyprinus carpio) e de labeos bicolores (Epalzeorhynchus bicolor), em 30 mil m² em Cachoeiras de Macacu (RJ), Mario Porto afirma que sua produção caiu de 1 milhão para 900 mil peixes por ano desde 2009.

"Hoje conseguimos manter a produção, mas nunca expandir", diz. 

Para Vazquez, o caso de Porto pode ser explicado por aumento da competição no mercado. "Ele passou a ter uma forte concorrência de um produtor do Paraná, que baixou os preços e conquistou espaço entre atacadistas do Rio de Janeiro", afirma.

"Kinguio" e carpa são as principais espécies ornamentais no país

Vazquez não sabe precisar o volume total, mas informa que as principais espécies no país são o "kinguio" (Carassius auratus), conhecido como peixinho dourado; a carpa colorida, que quando apresenta características especiais é chamada de "nishikigoi"; e em terceiro lugar o labeo bicolor.

Outras espécies importantes são o peixe-beta (Betta splendens); o acará-disco (Symphysodon discus); o "guppy" ou lebiste (Poecilia reticulata); o acará-bandeira (Pterophyllum scalare); e o peixe neon cardinal (Paracheirodon axelrodi), que vem de rios amazônicos.

João Batista Fernandes, zootecnista pesquisador da Unesp (Universidade Estadual Paulista), afirma que, para a produção de peixes, é necessário obter licenças no Ministério de Pesca e Aquicultura, assim como licenças ambientais estaduais.

Em São Paulo, por exemplo, o órgão que emite as licenças é a Cetesb (Companhia Estadual de Saneamento Básico).