R$ 5 bi! Por que EUA jogaram helicópteros no mar no fim na Guerra do Vietnã
No fim da Guerra do Vietnã (1959 a 1975), com a evacuação da cidade de Saigon, os militares norte-americanos jogaram dezenas de helicópteros no mar durante os trabalhos de resgate. A situação fora do comum foi necessária por dois motivos: evitar mortes e aumentar o número de pessoas resgatadas.
Porta-aviões lotado
O volume de aeronaves que deixava a cidade era tão grande, que não havia mais espaço nos porta-aviões para que todos eles pousassem. Com as filas de aeronaves se formando para desembarcar pessoas resgatadas, o combustível acabando, e pouco espaço para os pousos, optou-se por fazer algo que, até então, não se imaginaria ser necessário: arremessar os helicópteros no mar.
Essa medida drástica teve de ser tomada para garantir a sobrevivência do máximo de resgatados possível, abrindo espaço para mais pousos e evitando que houvesse uma tragédia, com helicópteros caindo cheios de pessoas.
Mutirões formados por dezenas de militares empurravam os helicópteros com a força dos próprios braços rumo à borda do convés, de onde eram derrubados. Não havia muitas máquinas disponíveis, mas até uma espécie de empilhadeira chegou a ser usada no descarte dessas aeronaves.
Além dos arremessos, alguns pilotos levavam as aeronaves vazias em direção à água, onde eles as abandonavam e pulavam no mar. Ali ficavam aguardando embarcações de resgate para voltarem aos navios dos Estados Unidos.
Foram cerca de 6 mil vietnamitas e mil americanos retirados de Saigon ao todo. A duração dessa operação foi de 18 horas, e envolveu 81 helicópteros.
Desses, pelo menos 45 UH-1 Huey e três CH-47 Chinook foram lançados na água. Se isso tivesse ocorrido nos tempos atuais, o valor total teria sido de cerca de R$ 4,7 bilhões em aeronaves arremessadas ao mar.
Avião surpresa
Dave Meister, ex-militar que participou da operação no Vietnã, lembra que até um avião de pequeno porte com um piloto dos EUA precisou de espaço para pousar no USS Midway. O militar falou do episódio durante depoimento ao Museu Naval de Hampton Roads em 2020.
O piloto do qual Meister conta a história estava em um avião de pequeno porte com sua família, e tinha conseguido decolar de Saigon apesar do cerco à cidade e ao aeroporto.
Era um avião pequeno, e ele não tinha comunicação via rádio com o navio. Ele sobrevoou o USS Midway e jogou um bloco de notas onde estava escrito "eu quero pousar".
Nesse momento, vários helicópteros foram derrubados nas águas do mar. "Nós abrimos espaço do convés e ele conseguiu pousar. [...] Ficamos surpresos quando ele saiu daquela pequena aeronave com sua esposa e os três filhos", diz Meister.
Operação Vento Constante
A manobra de evacuação da cidade foi batizada de Vento Constante. À época, o país encontrava-se dividido entre Vietnã do Norte (apoiado pela então União Soviética e China) e Vietnã do Sul (que tinha o apoio dos EUA, Coreia do Sul, entre outras nações). A disputa só teve fim em 30 de abril de 1975, com o episódio que ficou conhecido como a queda de Saigon.
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Quero receberA cidade era um dos últimos focos de resistência do exército do Vietnã do Sul, e tinha uma forte presença de militares norte-americanos. Com a derrota iminente, planejou-se uma estratégia de evacuação da cidade por meio de helicópteros.
Uma mensagem codificada nas rádios seria o sinal de que os habitantes deveriam se preparar para deixar Saigon, com destino aos porta-aviões norte-americanos na região. Os rádios iriam tocar a mensagem "A temperatura em Saigon é de 105 graus [Farenheit, equivalente a 40,5º C] e está aumentando", seguida da música "White Christmas" a cada 15 minutos.
Era o início da operação Vento Constante, que duraria de 29 a 30 de abril de 1975.
Fim da guerra
Thomas Polgar, chefe da estação de Saigon da CIA, a agência de inteligência dos Estados Unidos, foi um dos últimos a deixar o Vietnã de helicóptero.
Em seus últimos momentos ali, Polgar escreveu uma mensagem para o governo dos EUA que dizia: "Esta será a mensagem final da estação de Saigon. Foi uma luta longa e perdemos. [...] Aqueles que não conseguem aprender com a história são forçados a repeti-la. Esperemos que não tenhamos outra experiência no Vietnã e que tenhamos aprendido nossa lição. Saigon desligando".
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