Lilium, que desenvolve 'carro voador' da Azul, corre risco de falência
A alemã Lilium está correndo um sério risco de enfrentar um processo de falência. A empresa desenvolve eVTOLs (electric Vertical Takeoff and Landing, ou, Aeronave de Decolagem e Aterrissagem Vertical Elétrica), os chamados carros voadores (apesar de serem aeronaves).
Antes avaliada em bilhões de dólares, a empresa, hoje, corre risco de entrar em recuperação judicial, com suas subsidiárias se tornando insolventes após a recusa de um financiamento público na Alemanha. Com isso, o futuro do mercado dessas aeronaves, que são 100% elétricas e não emitem poluentes, poderia sofrer uma perda relevante.
A crise na Lilium
A empresa contava com um empréstimo de 50 milhões de euros do banco de desenvolvimento estatal alemão KfW. Esse valor, entretanto, não foi aprovado pelo comitê de orçamento do parlamento alemão.
Embora a Lilium alegue que já tinha capital privado para complementar o investimento público, a falta do financiamento estatal colocou a companhia em crise. Ao mesmo tempo, o governo da região da Bavária não conseguiu arcar com os valores para a empresa, levando seu conselho a aprovar o pedido de proteção contra a falência, que é similar a um pedido de recuperação judicial no Brasil.
Em 2021, a empresa decidiu abrir capital e listou suas ações na Nasdaq, o que lhe garantiu recursos adicionais, chegando a ter seus papeis cotados em US$ 15,07. Hoje, entretanto, após os anúncios das dificuldades em conseguir um financiamento, as ações chegaram a US$ 0,10.
Grande parte dessa falta de sucesso nas negociações se deve às dificuldades do projeto, que tem grandes diferenças em relação a seus concorrentes, e da complexidade em se cumprir os prazos propostos.
Diante dos pedidos de proteção contra insolvência, a Nasdaq deverá parar de negociar papeis da empresa alemã no começo de novembro.
Mesmo diante das dificuldades, a empresa afirma estar negociando com o governo francês um empréstimo de 219 milhões de euros para a construção de uma fábrica de baterias e uma linha de montagem no sul da França.
Raio-X da empresa
A Lilium foi fundada em 2015 na Alemanha por Daniel Wiegand e três engenheiros alemães. Seu objetivo era o de tornar o transporte aéreo urbano uma realidade prática e acessível.
A empresa hoje emprega mais de mil funcionários de cerca de 60 nacionalidades. Muitos ex-funcionários da brasileira Embraer estão entre seu corpo de mais de 400 engenheiros aeroespaciais.
David Neeleman, fundador da companhia aérea brasileira Azul, é integrante do conselho administrativo da Lilium desde 2021. Desde o início, a empresa conseguiu atrair grande atenção e recursos, acumulando mais de US$ 1 bilhão em investimentos de gigantes como Tencent, Atomico, Baillie, Honeywell e LGT Capital Partners.
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Quero receberProjeto é considerado viável
O projeto da empresa recebeu uma nota 7 (de 0 a 10) no índice de realidade de mobilidade aérea avançada elaborado pela consultoria SMG. Isso coloca a empresa em uma 12ª posição conforme o ranking, mesmo com o maior financiamento registrado, de cerca de US$ 1,5 bilhão.
Esse índice é calculado segundo os seguintes fatores:
- Financiamento recebido pela empresa
- Equipe que lidera a empresa
- Prontidão tecnológica
- Progresso da certificação
- Prontidão da produção em direção à fabricação em escala real
Como comparação, a Eve, subsidiária da brasileira Embraer, aparece em 10º lugar, com uma nota 7,2 e financiamento de US$ 473 milhões. Em primeiro lugar, com nota 8,6 e investimentos de ao menos US$ 761 milhões, está a concorrente alemã Volocopter, seguida da chinesa EHang, com nota 8,5 e aportes que chegam a US$ 240 milhões (já falamos do modelo aqui, quando ele realizou o primeiro voo no Brasil).
O modelo da Lilium já passou por diversas etapas de teste, e começou a ser montado para poder ser certificado (leia mais aqui).
Azul tem acordo com a empresa
Em agosto de 2021, a Azul anunciou um acordo com a Lilium para operar uma rede de eVTOLs no Brasil. O objetivo é o de ampliar a conectividade da aérea no Brasil e criar um novo mercado por meio de uma malha aérea exclusivamente operada pelos eVTOLs.
A parceria pode chegar a um valor total de US$ 1 bi, o que inclui uma frota de até 220 aeronaves da Lilium. Questionada pelo UOL, a Azul informou que está acompanhando os desdobramentos dos problemas enfrentados pela empresa.
Dentro da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o projeto da Lilium já está em fase validação dos processos iniciados na Easa, a Agência Europeia para a Segurança da Aviação.
Ficha técnica
Modelo: Lilium Jet
Capacidade: Até seis pessoas mais um piloto
Motorização: Até 36 motores elétricos que mudam a direção para gerar o impulso da aeronave
Velocidade de cruzeiro: 250 km/h
Autonomia de voo: Até 250 km de distância
Nível de ruído: 68 decibéis a cem metros de distância, similar a uma conversa normal (o motor de um avião a jato pode atingir 140 decibéis)
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