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Ações de Vale e Petrobras caem até 60% em 5 anos; veja o que fazer

Sophia Camargo

Do UOL, em São Paulo

19/06/2013 06h00

Desde que as ações da Vale e da Petrobras atingiram seu marco histórico de valorização, em maio de 2008, esses papéis vêm perdendo continuamente seu valor.

A queda das ações da Petrobras foi espetacular. Dos R$ 43,66 que valiam em maio de 2008 para os R$ 17,83 (registrados na terça-feira, 18), a ação preferencial da empresa já se desvalorizou quase 60%.

O tombo das ações da Vale também foi grande. Do recorde de alta de R$ 46,87 em maio de 2008 para os R$ 29,1 (na terça-feira), a companhia já perdeu 38% do seu valor. Os dados foram coletados pelo analista André Moraes, da Rico.com.vc, homebroker da Octo Investimentos.

As ações da Vale estão no menor nível desde 1999. Reportagem  publicada na segunda-feira (17) pelo jornal "Valor Econômico" mostra que o valor de mercado da mineradora (US$ 151,47 bilhões) está abaixo de seu patrimônio líquido (US$ 156,52 bilhões -dados de 31 de março, os últimos disponíveis).

Ou seja, o patrimônio líquido está US$ 5,05 bilhões mais alto que o valor de mercado. O normal  e o desejável é que o valor de mercado seja maior. As ações é que mostram o valor de mercado de uma empresa: multiplica-se o preço de cada ação pelo total de papéis em circulação. O resultado é o valor de mercado.

O patrimônio líquido é o total investido pelos sócios (os bens da empresa) menos as dívidas. É o que sobraria aos acionistas se a empresa fosse fechada.

Trabalhadores têm dinheiro do FGTS investido na Vale e na Petrobras

A importância dessas empresas para os investidores do mercado de ações é grande, pois as duas ações têm o maior peso na composição do Ibovespa, principal índice da Bolsa.

Além disso, parte do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) de quem quis foi usada para comprar ações da Petrobras e da Vale, em agosto de 2000 e março de 2002, respectivamente.

Isso significa que o dinheiro utilizado em caso de desemprego, aposentadoria ou compra da casa própria destas pessoas também está ligado ao destino desses papéis.

O que fazer com as ações?

A continuidade destas quedas faz surgir a dúvida. O que fazer com as ações de Vale e Petrobras? Vender e arcar com o prejuízo para evitar futuras perdas ou comprar mais, aproveitando-se do preço baixo?

O analista André Moraes, da Rico.com.vc, diz que quem tem esses papéis, especialmente os atrelados ao FGTS, não deve se desfazer deles. "No caso do FGTS, as pessoas já tiveram um lucro bem maior, mas ainda estão com mais de 400% de ganho", diz.

Ele lembra que ação da Petrobras, em agosto de 2000, valia R$ 3,21. Portanto, hoje ela vale 437% mais.

As ações da Vale, que em março de 2002 eram cotadas a R$ 3,24, hoje são negociadas a R$ 28,73, uma valorização de 730%. "Claro que quem chegou a ter um lucro de 1.346% fica um pouco decepcionado com um lucro de 'apenas' 730%, mas ainda assim vale muito a pena, já que o FGTS é corrigido em 3% ao ano, o que nem sequer cobre a inflação."

Para quem pretende aproveitar o preço baixo, porém, Moraes acha que é mais prudente adquirir uma cesta de ações, e não apenas comprar um único papel. "Eu não recomendaria a compra de Petrobras e Vale neste momento. O cenário ainda é nebuloso."

Dúvidas sobre situação fazem analistas divergirem quanto às ações

Opinião compartilhada pelo sócio da Bogari Capital, Érico Argolo. Ele afirma que investir em um único papel faz com que o investidor fique muito sujeito às oscilações da empresa.

Por isso seria melhor investir num fundo, que paga para um gestor decidir quando comprar e quando vender um papel. "Você não arrisca consertar seu carro sozinho; procura um mecânico. Com ações, deve ser da mesma maneira. Procure um especialista."

No caso das ações ligadas ao FGTS, ele aconselha a manter as ações de ambas as empresas. Mas o caso muda de figura quando o investidor tem os papéis em carteira avulsa. Neste caso, a recomendação é de compra para a Petrobras e venda para Vale.

Com relação à Petrobras, Argolo afirma que os papéis já caíram muito de preço e que a perspectiva da empresa para o futuro é positiva, com os investimentos nas novas reservas de petróleo. Por isso, aconselha a comprar e manter o papel.

Já o futuro da Vale não está tão claro para Argolo. Como a empresa é fortemente dependente do crescimento da China e o país asiático está desacelerando, ele diz que é muito difícil prever se esse papel ainda irá sofrer muito e aconselha a se desfazer de parte das ações para diversificar o portfólio. "Vai vendendo devagar, para não amargar um grande prejuízo."

Para analista, o pior já passou

Para o analista Flávio Conde, da Gradual Investimentos, porém, o pior já passou e é por isso que ambas as ações estão na carteira recomendada para compra da gestora.

Para ele, ambas as ações estão com valores muito distantes dos seus preços justos. Preço justo é um tipo de avaliação utilizado pelos analistas que projetam o resultado da empresa por dez anos, depois perpetuam esse resultado para o infinito e trazem tudo para valor presente.

Por este critério, segundo Conde, a ação da Petrobras deveria valer pelo menos R$ 25, e a ação da Vale, R$ 47. "O potencial de valorização é grande", diz. Ele recomenda, portanto, manter os papéis em carteira e comprá-los, se não tiver.

Educador dá dica para não perder tanto com ações

O planejador financeiro Rogério Nakata, da Economia Comportamental, também não aconselha vender nada neste momento de queda das ações. "O que a pessoa pode fazer é aproveitar que esses preços estão em baixa e continuar comprando, se acreditar que a empresa continua sendo boa."

Como educador financeiro, Nakata diz que não se deve comprar tudo de uma vez só, mas ir comprando aos poucos, todo mês, para formar um patrimônio de longo prazo.

E ainda dá uma dica importante para que o investidor não fique perdido na hora de comprar ou vender ações. Nakata ensina que no momento da compra, o investidor deve colocar o "stop" de perdas, ou seja, deve estipular qual é o limite de perda que aceita ter.

"Cada um sabe onde o calo aperta. Não é boa ideia fazer isso num momento de necessidade, pois esse momento pode coincidir justamente com a queda das ações", diz.