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Teto de produção deve ser mantido em ministerial da Opep

01/06/2015 16h08

Paris, 1 Jun 2015 (AFP) - A Opep celebrará na sexta-feira, em Viena, uma reunião ministerial, na qual se espera que vá manter o teto oficial de produção para proteger sua participação de mercado, agora que sua estratégia começa a dar frutos.

Diversos analistas do setor estimam que o cartel de 12 países, que extrai em torno de 30% do petróleo mundial, manterá em 30 milhões de barris diários (mbd) seu teto oficial de produção.

Nas últimas semanas, os preços do petróleo - em torno dos 65 dólares para o barril de Brent e 60 dólares para o light sweet crude (WTI) - se recuperaram em relação a janeiro. Eles haviam acumulado uma queda expressiva de 60% desde junho do ano passado, com o feito de uma ampla oferta e uma demanda mundial tímida.

"Prevê-se que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo confirmará seu teto de produção de 30 mbd, dado que sua estratégia de defender suas fatias de mercado está dando resultado", comentou o analista do Commerzbank Carsten Fritsch.

"O rápido aumento da produção de petróleo nos Estados Unidos parou e o preço do barril se recuperou consideravelmente desde fevereiro", acrescentou.

Segundo dados do governo norte-americano, a produção de petróleo no país caiu em 112.000 barris diários, a 9,26 mbd no começo de maio.

Um dado precisamente chave para a estratégia da Opep de contribuir a manter preços baixos, com o objetivo de deter o auge do petróleo de xisto, mais caro de extrair e, por esse motivo, mais dependente de preços mais elevados.

A estratégia é liderada pela Arábia Saudita e seus três aliados do Golfo (Catar, Emirados Árabes Unidos e Kuwait), que contam com uma boa margem financeira. No entanto, ela tem incomodado países como Irã e Venezuela, que defendem um corte da produção.

"Atualmente, alguns países com problemas financeiros como a Líbia e a Venezuela querem que a Opep reduza suas cotas, para fazer os preços subirem. O problema é que eles mesmos não estão dispostos a reduzir sua oferta", explica Richad Mallinson, analista na Energy Aspects.

Segundo os analistas da Capital Economics, "a coesão dentro do grupo é muito mais fraca do que antes. E se pode prever que o compromisso com o teto fixado por Opep continuará flexível".



Excesso de produção da Opep

Precisamente, a produção da Opep foi de 31,21 mbd em abril, o maior nível desde setembro de 2012, segundo dados da Agência Internacional de Energia (AIE).

Além disso, um corte da oferta do cartel propiciaria um aumento de preços que "novamente tornaria atraente a produção de petróleo de xisto dos Estados Unidos", observam os analistas do Commerzbank.

Apesar da recuperação de preços desde fevereiro e da incipiente redução da oferta nos Estados Unidos, o petróleo é negociado cerca de 40% abaixo dos níveis de um ano atrás, quando o barril custava aproximadamente 110 dólares.

Nos últimos meses houve contatos entre a Opep e países não membros do cartel, como Rússia, para implementar um corte coordenado, uma possibilidade que até o momento não se concretizou. "A vontade dos países não membros da Opep é, na melhor das hipóteses, tímida", constatam os analistas da JBC Energy.

Considerando o novo panorama de preços, as grandes empresas do setor reduziram seus investimentos. A questão será tratada em um seminário realizado antes da reunião ministerial, na quarta e na quinta-feira em Viena, onde estarão os ministros do cartel e diretores de grandes companhias como BP, Eni, Total, Chevron, Sinopec e ExxonMobil.

bur-avl/af/cc/mvv