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Obama celebra recuperação de Nova Orleans dez anos após o Katrina

27/08/2015 21h36

Washington, 28 Ago 2015 (AFP) - O presidente americano, Barack Obama, visitou Nova Orleans nesta quinta-feira para celebrar a reconstrução, real mas inacabada, dessa cidade do sul dos Estados Unidos, dez anos depois de ter sido devastada pelo furacão Katrina.

Obama elogiou a "extraordinária resiliência" da "Big Easy", como a cidade é informalmente chamada, e destacou a confiança dos americanos no governo federal.

No aeroporto internacional Armstrong, o presidente foi recebido pelo governador da Luisiana, Bobby Jindal, um dos pré-candidatos republicanos à presidência, pelo senador Bill Cassidy e o prefeito de Nova Orleans, Mitch Landrieu.

Obama recorreu a pé o bairro afro-americano de Treme, um dos mais antigos da cidade.

Esse bairro foi devastado há uma década, após a catástrofe natural mais cara da história dos Estados Unidos. Segundo o Executivo, as perdas chegaram a 150 bilhões de dólares só para a cidade de Nova Orleans.

Atualmente, segundo a administração Obama, sua população cresce novamente, graças à multiplicação de moradias sociais.

"Agora é que as moradias estão boas, o que não significa que o nosso trabalho tenha terminado. Essa é uma comunidade em que ainda há muita pobreza, mas o fato de termos conseguido esses importantes avanços 10 anos depois de um terrível desastre, de dimensões épicas, é um sinal do tipo de espírito que temos nesta cidade", afirmou.

Fracasso humanoObama almoçou no restaurante Willie Mae's Scotch House, famoso por seu frango frito, com o prefeito da cidade, o congressista Cedric Richmond e um grupo de jovens do lugar.

À tarde, visitou Lower Ninth Ward, um bairro pobre que o Katrina transformou em símbolo de Nova Orleans, como o Dixieland jazz ou o carnaval de Mardi Gras na Bourbon Street.

"Vocês inspiraram o país", disse a aproximadamente 600 pessoas, negras em sua maioria.

Em referência ao drama que tomou conta da cidade, ele lembrou que "um lugar conhecido pelo colorido de sua música, subitamente caiu na escuridão e no silêncio".

Mas "Nova Orleans volta maior e mais forte", acrescentou, lembrando que esta é "uma cidade que durante quase 300 anos foi a imagem da alma dos Estados Unidos".

A visita de Obama pretendeu destacar o renascimento da cidade caracterizada por Tennessee Williams como "a última fronteira da boemia", transformada há 10 anos em um pesadelo de mortes e saques.

O Katrina, um furacão de categoria 5 (a mais alta da escala), atingiu a costa sul dos Estados Unidos em 29 de agosto de 2005, e a "Big Easy", parcialmente construída no nível do mar, ficou mergulhada no caos.

Mais de 1.800 pessoas morreram por toda a costa sul dos Estados Unidos, a maioria na própria cidade, e mais de um milhão de habitantes foram evacuadas.

"O que começou como um desastre natural se transformou em um feito pelo homem, um fracasso do governo que não protegeu seus cidadãos", destacou a Casa Branca, ao divulgar, mais cedo, um trecho do discurso do presidente, em referência aos esforços do seu governo, em contraste com os erros iniciais do ex-presidente George W. Bush.

Uma cidade repleta de desigualdadesMas Obama também corre o risco de parecer distante da realidade ao dar muita ênfase à recuperação de Nova Orleans.

"Essa mensagem pode ser mais bem aceita pelos moradores brancos da cidade do que pelos moradores negros", disse Michael Henderson, da Louisiana State University (LSU).

Segundo uma pesquisa recente da LSU, a vasta maioria dos brancos acreditam que a Luisiana já se recuperou "da tormenta". Mas três de cada cinco moradores negros negam isso.

No entanto, o forte apoio a Obama e aos parlamentares democratas evitará uma queda na próxima eleição, embora sua mensagem "não convirja completamente com as opiniões e experiências de muitos residentes", prevê Henderson.

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