Grécia fica mais perto de sair da zona do euro após ultimato da UE
A Grécia ficou mais perto de sair da zona do euro depois que os ministros das Finanças da região disseram que não haverá novas negociações a respeito de apoio financeiro ao país se o governo grego não pedir uma extensão do seu atual programa de resgate.
Após três semanas de brigas, desde a vitória eleitoral do primeiro-ministro Alexis Tsipras, as autoridades econômicas adotaram uma postura mais dura. As negociações de Bruxelas foram encerradas abruptamente, na noite de segunda-feira (16), pela recusa do ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, a ceder às exigências europeias.
"Não vai haver uma reunião para que tenhamos de escutar como o mundo está funcionando", disse o ministro das Finanças austríaco, Hans Joerg Schelling, em entrevista, na terça-feira (17). "Só haverá reunião quando estiver claro - quando tudo estiver assinado e pedido - que as condições foram confirmadas".
O tempo está se esgotando para a Grécia: o atual acordo de ajuda expira no final de fevereiro. Caso não haja um novo acordo, a Grécia poderia ficar sem dinheiro até o final de março, o que forçará Tsipras a pensar em quebrar as promessas que fez durante a campanha eleitoral, de acabar com as medidas de austeridade, ou a estudar a reintrodução de uma moeda grega separada.
O rendimento dos bonds gregos com vencimento em três anos subia 76 pontos-base, para 18,34%, às 14:22 horas em Atenas. Contrasta, assim, com os 21,1% da semana passada, nível mais alto desde que a dívida começou a ser negociada novamente, no ano passado, e com o recorde de 128% visto em março de 2012. As ações gregas caíam 1%. O euro, que perdeu valor na segunda-feira, subia 0,7%, para US$ 1,1429.
Saída do euro
O chanceler austríaco, Werner Faymann, disse que algumas autoridades subestimaram o risco de a Grécia abandonar a união cambial e que isso teria consequências "imprevistas". Robin Marshall, diretor de renda fixa da Smith Williamson Investment Management, disse que a saída grega atualmente é a opção mais provável. Os economistas Jörg Krämer e Christoph Weil, do Commerzbank AG, colocam as chances de separação em 50%, contra 25% há uma semana.
As negociações entre a Grécia e seus credores da zona do euro terminaram de forma áspera na segunda-feira. Autoridades de Atenas acusaram o presidente do Eurogroup, Jeroen Dijsselbloem, de voltar atrás em relação ao acordo fechado na semana passada com o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras. O governo grego disse, em comunicado enviado por e-mail, que era "absurdo" e "inaceitável" exigir que o país mantivesse as condições de seu atual acordo de resgate, considerando que elas foram rejeitadas pelos eleitores gregos.
"Eu espero que eles peçam uma extensão do programa", disse Dijsselbloem, na manhã desta terça-feira. "Isso realmente depende deles. Não podemos forçá-los, não podemos pedir por eles. Estamos prontos para trabalhar com eles".
Varoufakis disse que a Grécia não teve alternativa a não ser recusar a oferta comunicada. "Na história da União Europeia, os ultimatos nunca trouxeram nada de bom", disse a repórteres, após a reunião.
Dois resgates
Até o momento, prometeu-se à Grécia 240 bilhões de euros (US$ 274 bilhões) em dois resgates em troca de reformas econômicas e cortes de orçamento impostos por auditores externos. Qualquer acordo poderia ter composto o cenário para um novo programa de ajuda ou uma linha de crédito, que manteriam a supervisão da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional.
Apesar do impasse, o ministro das Finanças italiano, Pier Carlo Padoan, disse a repórteres na segunda-feira à noite que a saída da Grécia da zona do euro continua "fora de cogitação".
"Estamos chegando à hora da verdade para a Grécia e para a zona do euro", disse o chanceler do Reino Unido, George Osborne, ao chegar a Bruxelas, na manhã desta terça-feira. "A consequência de não ter um acordo seria muito severa para a estabilidade econômica e financeira".
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