Seu assessor gratuito de investimentos pode fazer você perder dinheiro
A sua corretora disponibiliza um assessor de investimentos "gratuito" para ajudar você a escolher onde aplicar o seu dinheiro? Pois, então, você precisa ter uma ideia de quanto dinheiro pode perder com isso.
Quanto você pode perder com uma indicação de um assessor?
Eu decidi fazer essa coluna depois que uma pessoa veio me pedir ajuda dizendo que perdeu mais de R$ 20 mil após seguir uma recomendação de um assessor gratuito. Se tivesse investido mais, teria perdido mais.
Ela seguiu o que lhe foi orientado e investiu em debêntures da Light, que depois perderam grande parte do valor quando a controladora da companhia entrou com pedido de recuperação judicial. Quem conhece investimento sabe: não existe motivo para uma pessoa física investir em uma debênture.
As debêntures não têm proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), com a têm investimentos como CDB, LCA e LCI. No caso dessas três últimas aplicações que eu citei, se você coloca dinheiro nelas, e depois a instituição financeira emissora quebra, o FGC lhe paga o que for do seu direito, até o limite de R$ 250 mil.
Já se você investe em uma debênture e a empresa emissora fica inadimplente, não tem ninguém para lhe pagar. Você simplesmente fica no prejuízo. Em alguns casos, pode perder 100% do valor aplicado.
Por que um assessor indica uma debênture?
Por que aplicar em uma debênture, se ela não tem essa proteção? Um assessor de investimentos poderia dizer: "porque elas rendem mais".
Na verdade, a rentabilidade de uma debênture é pouca coisa maior do que a de um CDB, LCA ou LCI. Em geral, menos de 1 ponto percentual de diferença. Você correria o risco de perder todo o dinheiro investido, em troca de 1 ponto percentual a mais de rentabilidade por ano?
É verdade que não é comum que a empresa emissora de uma debênture fique insolvente. Porém, se isso acontecer, você pode perder tudo o que investiu. Esse é o problema.
Então por que um assessor de investimentos indica ao seu cliente uma debênture? Simplesmente porque a corretora ou banco que ele representa vai ganhar dinheiro (em geral, uma comissão) se conseguir empurrar esses papéis aos investidores.
Veja que o assessor não faz por mal. Ele apenas segue as orientações da instituição financeira que lhe paga. Porém, não tem compromisso nenhum com o seu dinheiro. Afinal, ele não vai reembolsar seu cliente que perdeu dinheiro com as debêntures da Light.
Assessor é vendedor
O assessor de investimentos é um vendedor de produtos financeiros. Não é um consultor. Nem tudo o que ele tem na prateleira faz bem para o cliente. E nem tudo o que faz bem para o cliente ele tem interesse em vender.
O Tesouro Direto, por exemplo, é um investimento excelente para quem não quer correr riscos. Mas o assessor gratuito não ganha nada se o cliente escolher essa aplicação. Para o assessor, é muito mais negócio indicar um CDB - que não é necessariamente ruim, mas às vezes o melhor para o cliente é outra coisa.
Como cliente, o ideal é que você entenda que o assessor é um vendedor de investimentos e que nem tudo o que ele oferecer é bom. O problema é que, em geral, o investidor não tem a quem recorrer, diante de tantas opções e da complexidade do mercado financeiro.
Mas, ao menos uma coisa é importante você saber: se não quer correr riscos, só aceite um desses três tipos de investimento: Tesouro Direto, títulos com proteção do FGC ou fundos de renda fixa.
Com esses investimentos, às vezes você pode ter uma rentabilidade um pouco maior, às vezes um pouco menor, mas não acontecerá de você perder quase 100% do valor investido, como pode ocorrer se optar por uma debênture.
Alguma dúvida?
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