Investimentos seguros rendem mais após anúncio de Haddad. Hora de aplicar?
Alguns dos investimentos mais seguros do país passaram a render mais depois que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou a proposta de ajuste fiscal do governo, na quinta-feira (28).
Na coluna de hoje, eu mostro quanto esses títulos estão rendendo, explico por que ocorreu o aumento da rentabilidade e digo se é um bom momento para investir neles.
Quanto os investimentos seguros passaram a render
Os investimentos mais seguros do país são os títulos do Tesouro Direto. Eles são divididos em três principais grupos: os prefixados, os indexados à inflação e os pós-fixados.
Os que passaram a render mais são os dois primeiros grupos. O terceiro continua como está, mas tem possibilidades de subir também.
O Tesouro Prefixado com vencimento em 2027 encerrou o dia com uma rentabilidade de 13,89% ao ano. Em fevereiro, ele oferecia um rendimento de 9,84% ao ano.
O aumento da rentabilidade não ocorreu apenas depois da fala de Haddad. Houve subidas e descidas ao longo dos meses e, nas últimas semanas, estava em alta. Após o anúncio do governo, subiu mais e atingiu o pico do ano até o momento.
Uma trajetória parecida ocorreu com o Tesouro IPCA, que é o título do Tesouro Direto indexado à inflação. O papel com vencimento em 2029 está hoje com rentabilidade de IPCA (inflação) mais 7,14% ao ano.
Em janeiro, o Tesouro IPCA 2029 rendia inflação mais 5,2%. Em agosto do ano passado, inflação mais 4,89%.
Outros investimentos de renda fixa
Se isso ocorreu com o Tesouro Direto, a tendência é que o mesmo esteja acontecendo com outros investimentos de renda fixa.
Se você procurar no seu banco ou corretora, provavelmente verá que os CDBs, LCAs e LCIs estarão com taxas de rentabilidade maiores do que nos últimos meses.
No caso desses investimentos, vale a mesma lógica: os prefixados e indexados à inflação devem estar rendendo mais, enquanto os pós-fixados (aqueles que rendem uma porcentagem do CDI) tendem a não ter variado muito.
Por que estão rendendo mais
Os investimentos de renda fixa (como o Tesouro Direto, os CDBs etc) estão rendendo mais porque aumentaram as chances de o Banco Central elevar a taxa básica de juros, a Selic.
A taxa Selic é a principal referência para a rentabilidade dos investimentos de renda fixa. Quando ela aumenta, esse tipo de título passa a render mais.
A expectativa de alta da Selic aumentou porque os grandes investidores e gestores de fundos acreditam que o pacote fiscal do governo não é suficiente para melhorar as contas públicas. Ou seja, acreditam que o governo continuará com um déficit fiscal muito alto, ou seja, seguirá gastando muito mais do que arrecada.
O déficit fiscal gera risco de inflação. Como a taxa de juros é o principal remédio contra a inflação, a tendência é que o Banco Central aumente os juros para evitar o aumento dos preços da economia.
É hora de investir?
Em primeiro lugar, preciso deixar claro o seguinte: o aumento da rentabilidade ocorre apenas para quem vai investir agora.
Se você aplicou em um título prefixado ou indexado à inflação, o valor que já está aplicado não vai passar a render mais. Ao contrário, se você for resgatar agora, pode ter prejuízo. Mas se aguardar até a data de vencimento, não terá perdas; receberá exatamente a rentabilidade prevista.
Então, retomando a questão: vale a pena aplicar agora nesses investimentos?
Minha resposta é: nunca invista em renda fixa devido ao momento. Isso é fazer especulação. Não é nada seguro.
Eu não disse que quem já tinha aplicado nesses títulos pode ter prejuízo se quiser resgatar agora? Pois bem, se amanhã surgir outra notícia de que os juros podem subir mais ainda, os títulos em que você tiver comprado hoje vão estar com o mesmo risco de prejuízo.
Invista no Tesouro IPCA se você quiser se proteger da inflação e tem certeza de que pode aguardar até o vencimento do título. Se for para especular, vale mais a pena partir para a renda variável.
Certo, mas onde investir?
Se quiser segurança total e possibilidade de resgatar a qualquer momento, vá no Tesouro Selic.
Caso tenha um plano de longo prazo e queira se proteger da inflação, escolha o Tesouro IPCA ou um CDB, LCA ou LCI indexados ao IPCA. Ou coloque uma parte do dinheiro em pós-fixados e outra em títulos indexados à inflação. Desde que possa manter o valor aplicado até o vencimento.
Se estiver investindo para prazos muito longos (acima de dez anos) ou quiser uma renda passiva, uma opção é a renda variável, como os fundos de investimento imobiliário (FIIs) ou ações. Mas antes esteja ciente do risco desses ativos.
Alguma dúvida?
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