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Excesso de mansões em Mayfair leva incorporadoras de Londres a caçar bilionários

Patrick Gower

15/04/2015 11h35

(Bloomberg) - A situação da crise de moradia em Londres poderia ser pior. Mayfair, o bairro preferido pela realeza do Oriente Médio e pelos gestores de hedge fund, está enfrentando um excesso de oferta de residências que custam vários milhões de libras.

Mais de 440 novas moradias já foram aprovadas no enclave e agora John Caudwell, o bilionário dos telefones celulares, pretende transformar um estacionamento em seis casas, três coberturas e 21 apartamentos de luxo. Isso basta para aumentar o estoque de residências da região em mais de 10 por cento, o maior acréscimo entre os distritos centrais de Londres.

"Há projetos demais e o mercado não está nesse nível", disse Andrew Langton, presidente do conselho da corretora de imóveis de luxo Aylesford International. "Esses incorporadores poderiam ser pegos de surpresa".

A demanda pelas casas mais caras despencou para o menor patamar em cinco anos devido à incerteza em relação ao resultado da eleição nacional de maio, aos aumentos fiscais impostos pelo ministro das Finanças, George Osborne, e à perspectiva de que o Partido Trabalhista, de oposição, instaure um imposto sobre as mansões. O excedente da oferta de imóveis de luxo está alimentando uma dispendiosa batalha de marketing, pois as incorporadoras estão tentando convencer as pessoas mais ricas do mundo a comprar em Mayfair.

Trinta e seis casas foram vendidas na região nos seis meses até o final de março, uma queda de 30 por cento em relação ao ano anterior, de acordo com a fornecedora de informações imobiliárias Lonres. O preço médio das vendas em Mayfair neste ano é de 2,1 milhões de libras (US$ 3 milhões), mostram os dados, e estima-se que os valores na capital do Reino Unido vão cair 3,6 por cento em 2015, de acordo com o Centro de Pesquisas Econômicas e Empresariais.

Pressão sobre os preços

"Com tantos projetos de alta gama em andamento, todos direcionados às pessoas mais ricas do mundo, não faltarão opções de escolha", disse Alex Newall, diretor administrativo e fundador da corretora Hanover Private Office. "Isso vai pressionar os preços".

As incorporadoras também enfrentam a concorrência dos distritos vizinhos. Em St James's, as casas costumam ser 15% mais baratas do que em Mayfair, de acordo com Giles Hannah, vice-presidente sênior da Christie's International Real Estate. Aqui, The Carlyle Group e a incorporadora Caraeno estão construindo oito apartamentos de até 930 metros quadrados.

O prêmio que os compradores em Mayfair pagam por imóveis recém-construídos em comparação com o estoque existente de casas também está se deteriorando e caiu de quase 70% em 2012 para cerca de 40%, de acordo com Oliver Hooper, diretor na corretora de luxo Huntly Hooper.

Investidores estrangeiros

Mayfair é popular entre os investidores estrangeiros que poderiam ser pegos pela promessa de Ed Miliband, líder do Partido Trabalhista, de acabar com o status não domiciliar do Reino Unido. A atual condição possibilita que algumas pessoas evitem impostos sobre o total da renda caso considere-se que seu domicílio permanente é no exterior.

Ainda assim, a corretora Knight Frank LLP, com sede em Londres, prevê que os preços de venda poderiam aumentar de 59.202 libras por metro quadrado para 75.347 libras por metro quadrado até 2018, embora alerte que o novo imposto poderia prejudicar essa projeção.

"Ao ler o jornal, os investidores vão ver um anúncio de um imóvel por 65 mil ou 75 mil libras por metro quadrado em Grosvenor Square e, na página seguinte, vão ler que Ed Miliband está falando a respeito do imposto sobre as mansões e sobre a eliminação do status não domiciliar", disse Langton, da Aylesford. "Não é exatamente a isca que todo mundo imaginava".