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Mistério de reservas de ouro da China poderia ser revelado por campanha do governo para internacionalizar yuan

Jasmine Ng, Joe Deaux e Eddie van der Walt

21/04/2015 12h26

(Bloomberg) - A campanha da China para desafiar o domínio dos EUA no comércio e nas finanças mundiais poderia envolver ouro - muito ouro.

Ainda que o metal já não seja utilizado como garantia do papel-moeda, ele continua representando uma grande parte das reservas dos bancos centrais nos EUA e na Europa. A China se converteu na segunda maior economia do mundo em 2010 e tem redobrado seus esforços para converter o yuan em um concorrente viável do dólar. Isto gerou a especulação de que o governo tenha estocado ouro como parte de um plano para diversificar US$ 3,7 trilhões em reservas de moeda estrangeira.

O Banco Popular da China pode ter triplicado suas posses de lingotes desde sua última atualização, em abril de 2009, para 3.510 toneladas, diz a Bloomberg Intelligence, com base em dados do comércio, da produção doméstica e de cifras da Associação do Ouro da China. Um estoque desse tamanho seria superado apenas pelas 8.133,5 toneladas nos EUA.

"Se um país quiser estabelecer sua moeda como moeda de reserva, talvez ele deseje contar com outros ativos no seu balanço além das moedas correntes", disse Bart Melek, diretor de estratégia com commodities da TD Securities, em entrevista por telefone de Toronto. O ouro "certamente é visto como uma reserva de valor viável para uma potência mundial promissora", disse ele.

É possível que a China esteja se preparando para atualizar suas posses declaradas porque os responsáveis pela política econômica estão pressionando para adicionar o yuan à cesta de moedas do FMI, conhecida como Direito Especial de Saque (SDR, na sigla em inglês), que inclui o dólar, o euro, o iene e a libra esterlina. O registro poderia ser divulgado antes das reuniões do FMI sobre o SDR, no mês que vem, ou em outubro, disse a Nomura Holdings Inc. em um relatório publicado em 8 de abril.

Função monetária

O ouro desempenhou um papel fundamental no sistema monetário internacional até o colapso do marco de taxas de câmbio fixas de Bretton Woods em 1973, segundo o FMI. Apesar de que a função do lingote diminuiu desde então, o fundo ainda possui 2.814 toneladas e a maioria dos bancos centrais tem algo de ouro no seu balanço. A Rússia mais do que triplicou suas posses desde 2005.

O FMI estima que o dólar represente 63 por cento das posses dos bancos centrais do mundo, e a segunda moeda, o euro, responde por 22 por cento. Dados da Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication (Swift) mostram que a moeda americana foi utilizada em 43 por cento dos pagamentos mundiais em fevereiro.

A China está promovendo o yuan no plano internacional, mas dados da Swift mostram que a moeda foi empregada em apenas 1,8 por cento dos pagamentos internacionais em fevereiro. Investidores privados - chineses e de outros países - podem deslocar seu dinheiro para dentro e fora do país unicamente por meio de programas aprovados e em somatórios limitados, e só se permitem mudanças no valor da moeda em faixas limitadas.

Mistério

Como a China divulga tão poucos dados sobre suas reservas, saber quanto ouro o Banco Central tem nos seus cofres é cada vez mais interessante para os traders. A confirmação de que as posses aumentaram sinalizaria a importância do metal como ativo de reserva e impulsionaria a confiança do mercado, disse Melek da TD Securities. Em um momento em que os preços estão languescendo, a compra poderia fornecer um apoio, disse Suki Cooper, diretora de commodities do Barclays Plc em Nova York.

"Em toda a história da China, o ouro sempre foi uma forma de projetar poder", disse Kenneth Hoffman, analista de metais e mineração da Bloomberg Intelligence, em uma entrevista em 9 de abril. "Eles estão pensando em como tornar o yuan mais internacional, portanto esta é uma razão possível pela qual eles estejam comprando tanto ouro".

Título em inglês: 'Mystery of China's Gold Stash May Soon Be Solved as IMF Beckons'

Para entrar em contato com os repórteres:

Jasmine Ng, na Cidade de Cingapura, jng299@bloomberg.net; Joe Deaux, em Nova York, jdeaux@bloomberg.net; Eddie van der Walt, em Londres, evanderwalt@bloomberg.net