IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Ofensiva da Opep prejudica Brasil e Canadá, mas produção de petróleo dos EUA resiste

Grant Smith

17/07/2015 12h20

(Bloomberg) - Após oito meses do plano da Opep (Organização de Países Exportadores de Petróleo) de prejudicar os produtores de petróleo rivais, o número de vítimas está crescendo. Surpreendentemente, o rival mais resiliente talvez seja o que desencadeou a luta: os EUA.

As projeções da produção diária combinada do Brasil, Canadá, Rússia, México e Colômbia até o fim da década foram reduzidas em 2,8 milhões de barris desde que o petróleo caiu no ano passado, mostram dados dos países e da Agência Internacional de Energia. Em contraste, o Departamento de Energia dos EUA aumentou sua estimativa de produção de petróleo bruto até 2020 em mais de um milhão de barris.

Os preços caíram mais de 45% nos últimos doze meses, depois que a Organização de Países Exportadores de Petróleo se recusou a diminuir a produção, pressionando os produtores rivais a eliminarem o excesso de oferta global. Embora o número de torres de perfuração de petróleo ativas nos EUA tenha caído pela metade, a produção continua perto do maior valor em três décadas e a previsão é de que continuará crescendo depois de uma pausa no ano que vem. Os projetos em outros lugares vão sofrer mais, de acordo com o Standard Chartered Plc e o BNP Paribas SA.

"Alguns interpretaram erroneamente a estratégia da Opep, pensando que o objetivo era a produção de petróleo de xisto dos EUA", disse Harry Tchilinguirian, diretor de estratégia de mercados de commodities do BNP Paribas em Londres. "Mas qualquer tentativa de acabar com a produção de petróleo de xisto dos EUA será inútil. Pelo contrário, a Opep tem procurado eliminar os investimentos em bacias convencionais de custos mais altos e menor eficiência".

Excesso enorme

Os futuros do petróleo bruto Brent, uma referência mundial, eram negociados a US$ 57 por barril em Londres às 12h37. O mercado ainda tem "um enorme excesso de oferta", disse a AIE em 10 de julho.

Apesar de tudo, a média de produção de petróleo bruto dos EUA para este ano subirá para 9,47 milhões de barris diários, seu maior valor em 45 anos, segundo a Administração de Informação de Energia do país. Em abril, a agência elevou sua previsão de produção de petróleo bruto para 2020 para 10,6 milhões de barris diários contra a projeção anterior de 9,55 milhões, citando o progresso da tecnologia e a capacidade dos exploradores de passarem para os "sweet spots", os campos de petróleo mais produtivos.

Primeiras vítimas

O Brasil e o Canadá se encontram entre os países "mais expostos na linha de fogo" com os preços atuais, disse em 13 de julho Paul Horsnell, diretor de pesquisa sobre commodities do Standard Chartered em Londres. Os campos offshore da chamada camada pré-sal do Brasil e as areias betuminosas do Canadá são regiões petrolíferas "de fronteira", cujos custos são mais altos devido à complexidade técnica ou à distância, disse ele.

A Petrobras reduziu sua meta de produção para 2020 em 1,4 milhão de barris diários, para 2,8 milhões, diminuindo em um terço o dispêndio de capital planejado até 2019, disse a empresa com sede no Rio de Janeiro em 29 de junho. A Associação Canadense de Produtores de Petróleo cortou sua previsão de produção de petróleo para 2020 em 270.000 barris por dia, para 4,64 milhões por dia em 9 de junho.