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British Airways estende o reinado do Boeing 747

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Imagem: Reprodução / www.britishairways.com

Kari Lundgren e Julie Johnsson

28/08/2015 14h24

(Bloomberg) -- Se o fim da linha chegou para o jato 747 da Boeing Co., ninguém contou para a British Airways.

A maior operadora desse ícone corcunda -- chamado de Rainha do Céu em seu lançamento, em 1970 -- está acomodando as almofadas dos assentos, pendurando cortinas novas e atualizando os sistemas de entretenimento de 18 aviões. Até agora, os modelos concorrentes parecem ter sido incapazes de aposentar o avião de quatro motores de forma suficientemente rápida.

A atualização da versão 747-400 mais vendida do jumbo está resistindo à onda de aposentadorias que lançou dúvidas sobre o futuro do modelo. A Singapore Airlines Ltd. e a Japan Airlines Co., por exemplo, que antes disputavam com a BA o título de operadora número 1, deram fim aos voos com o modelo há mais de três anos. A demanda pela variação mais recente, o 747-8, também diminuiu porque as empresas aéreas preferem modelos de jatos de duas turbinas, mais finos.

Uma pista sobre o romance duradouro da BA com o 747 é sua habilidade de ampliar a capacidade dos escassos slots operacionais em seu hub, o Aeroporto de Londres Heathrow, em um momento em que os preços mais baixos do combustível permitem manter aviões mais antigos. Os primeiros jatos reformulados retornarão no mês que vem de um centro de reaparelhamento em Cardiff, no País de Gales, com 16 assentos extras na classe executiva, o que ajuda sua utilização nos lucrativos serviços transatlânticos.

"O modelo tem um sentido comercial concreto", disse o diretor da JLS Consulting, John Strickland. "Essas aeronaves têm muita vida e podem ser usadas em configurações comerciais muito efetivas. Considerando as restrições de capacidade no Heathrow e a grande demanda deles em determinadas rotas, este ainda é um modelo muito bom".

Números em queda

Apesar de a BA ter estacionado ou descartado 15 de seus mais antigos aviões 747, cerca de metade de suas 42 aeronaves restantes foram construídas no final dos anos 1990 e "deverão ter uns bons 10 anos de vida restantes, pelo menos", disse George Ferguson, analista da Bloomberg Intelligence.

Dos 694 jatos 747-400 construídos entre 1988 e 2009, apenas 266 variações de passageiros continuam em serviço, menos que os 362 de 2011, segundo análises de dados de frota mantidas pela Ascend Worldwide, disse ele. A maioria é aposentada quando se aproxima dos 25 anos.

A chegada do Boeing 777 em 1995, apenas seis anos depois do lançamento do -400, marcou o início de um lento declínio do Jumbo, pois o novo modelo é capaz de transportar quase o mesmo número de pessoas, mas com dois motores. O último 787 Dreamliner e o Airbus Group SE A350 estão apressando a retirada combinando a economia dos bimotores com o uso de materiais compósitos, que oferecem uma economia por eficiência de 20% em relação a aviões bastante mais novos que o 747.

A Boeing também está desacelerando a produção do 747-8, o modelo alongado que substituiu o -400 em meio a vendas fracas. A lista de encomendas tem apenas 17 aviões, excluindo cargueiros, após a entrega dos últimos 19 encomendados pela Deutsche Lufthansa AG, a única grande empresa aérea a adotar a versão de passageiros.

A British Airways preferiu não especificar por quanto tempo a atualização prolongará a vida útil do 747, mas disse que as variações maiores do 787 e o maior A350 da Airbus serão usados para eliminar progressivamente alguns jumbos até 2023.

Kathryn Doyle, gerente de interiores de cabine da BA, disse que a empresa não tem nenhuma preocupação em relação à aceitação do cliente a um modelo criado em meados dos anos 1960.

"Nós sabemos que esse avião tem um lugar especial no coração de muitos de nossos clientes", disse ela, acrescentando que a Rainha do Céu conquistou esse "merecido carinho".