Nova tarifa à China é 'solavanco forte', mas Haddad vê Brasil menos afetado
Ler resumo da notícia
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse hoje que a taxação de até 104% dos produtos importados pelos Estados Unidos da China é algo "muito sério e que não se pode fazer pouco caso". Durante evento voltado a investidores, promovido em São Paulo, afirmou que tudo que afeta a China reflete no Brasil, apesar das tarifas terem ficado estáveis.
O que aconteceu
Haddad disse que o "problema" dos EUA hoje é a China. Segundo o ministro, os Estados Unidos perceberam que podem ter ganhado dos aliados a corrida da globalização, mas viram crescer uma potência militar e econômica que, pela primeira vez, é um desafio concreto. "Essa atitude brusca que os EUA têm em relação ao mundo, que o presidente Lula disse que era um cavalo de pau em um transatlântico, pode provocar um desarranjo imenso. Não temos como prever, mas é um solavanco forte demais para não termos impactos nos ganhos de produtividade", disse.
Guerra comercial ganhou novo capítulo hoje, após Estados Unidos anunciarem novas tarifas de 50% à China. Medida foi tomada após retaliação dos chineses, que determinaram 34% de taxa de importação dos produtos que vem dos EUA. Segunda fase do tarifaço de Trump começa amanhã, com aumento das alíquotas para os países taxados em mais de 10%.
Ministro adotou uma metáfora ao falar sobre a posição do Brasil após o anúncio: "no meio do incêndio, nós estamos mais próximos à porta de saída". Haddad considera que não há outro país que pode performar tanto quanto o Brasil na América Latina, e que o país saiu menos prejudicado com as taxas. "Não é hora de ficar anunciado medida, é tentar ver se a poeira baixa, se estabiliza para que possamos começar a nos movimentar, de maneira a nos proteger dessa situação que é muito tensa", disse.
Questionado sobre a atual política de juros adotada pelo BC (Banco Central), Haddad disse que o cenário é semelhante ao da posse, há dois anos e três meses. "Repito o que disse antes da posse: vejo o estímulo fiscal como um erro diante da questão monetária", apontou. Ministro disse que vê mais espaço para crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no eixo monetário que no fiscal, e avalia que o Banco Central poderia baixar taxas antes de agosto. "Brasil está com apetite. Nós visitamos algumas empresas nos últimos dias, e há um consenso de que as empresas querem investir", acrescentou.
Mais uma vez, Haddad criticou as previsões feitas pelo mercado sobre o andamento da economia do Brasil. "Os economistas adoram modelagem. Quando você modela a economia brasileira, o resultado é grau de investimento nas três agências de risco. Eles tiram degraus nossos subjetivamente. Uma hora vocês confiam no modelo de vocês, mas quando não interessa, vocês punem o país, com qual critério", questionou. Ministro falou no "11th Brazil Investment Forum", promovido pelo Bradesco BBI, em São Paulo (SP).
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.