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Duelo por aquisições entre Coca-Cola Femsa e Arca avança para o Chile

Jonathan Levin e Nacha Cattan

22/09/2015 11h48

(Bloomberg) -- As mexicanas Coca-Cola Femsa SAB e Arca Continental SAB passaram a última década competindo pela aquisição de empresas engarrafadoras de produtos da Coca em toda a América Latina. Agora elas estão centrando suas atenções no Chile.

Este é o último passo a ser dado depois que a Arca comprou 47,5 por cento da peruana Corp. Lindley SA por US$ 760 milhões, deixando a Embotelladora Andina SA e a Coca-Cola Embonor SA, ambas com sede em Santiago, como principais alvos ainda em jogo, segundo o Credit Suisse Group AG e o Corporativo GBM SAB.

Ao fecharem negócios do México à Argentina, a Coca-Cola Femsa e a Arca tornaram cada vez mais difícil para as engarrafadoras familiares continuar sozinhas no negócio, especialmente porque a Coca-Cola Co., maior fabricante de bebidas do mundo, está incentivando as fusões para melhorar a eficiência. Ao longo da última década, a Coca-Cola Femsa e a Arca abocanharam cerca de US$ 10 bilhões em ativos na América Latina -- região que mais consome refrigerantes no mundo.

A Coca-Cola "está buscando consolidar regiões diferentes e isso implicaria, no caso da Andina e da Embonor, que elas fossem adquiridas por outras empresas maiores", disse Tomas Sanhueza, analista da Credicorp Capital em Santiago. "Eu vejo uma pressão por parte da Coca-Cola".

A Andina preferiu não comentar sobre sua potencial estratégia de fusão e aquisição. A Arca e a Embonor não responderam aos pedidos de comentário.

"A Coca-Cola Femsa está sempre procurando oportunidades de crescer atingindo o potencial pleno de suas operações", disse a empresa, em resposta enviada por e-mail.

Alta das ações

As ações da Andina e da Embonor subiram 18 por cento e 7,9 por cento, respectivamente, desde a transação no Peru, contra um incremento de 1,6 por cento do indicador IPSA, do Chile, em parte por causa da bonificação que a Lindley recebeu. O banco de investimento brasileiro BTG Pactual SA escreveu em uma nota técnica, em 11 de setembro, que o negócio da Lindley teve um "alto preço" -- parte dele será absorvido pelos acionistas na forma de aumento de capital dilutivo --, mas que também rendeu à Arca "um dos alvos mais cobiçados da região".

A transação implicou um valor corporativo de cerca de 13,6 vezes os lucros projetados antes de juros, impostos, depreciação ou amortização -- ou Ebitda -- deste ano após ajuste por um acordo de não concorrência lucrativa, segundo um cálculo de analistas do Credit Suisse, entre eles Antonio González. Como comparação, a Andina e a Embonor são negociadas a 8,9 vezes e a 8,1 vezes o Ebitda de 2015.

A Andina, que está avaliada em 2,1 trilhões de pesos (US$ 3,1 bilhões) na bolsa de valores chilena, também tem operações na Argentina, no Paraguai e no Brasil. Suas operações brasileiras geram 40 por cento da receita -- mais até que no Chile. A Embonor, com uma capitalização de mercado de 553 bilhões de pesos, opera no Chile e na vizinha Bolívia.

Forças diferentes

Considerando as forças da Arca e da Coca-Cola Femsa nos diferentes mercados sul-americanos, uma solução é dividir uma empresa como a Andina para deixar o acordo mais atraente para os investidores, segundo Carlos Hermosillo, analista da Corp. Actinver SAB na Cidade do México. O maior mercado da Coca-Cola Femsa no continente é o Brasil, enquanto a Arca é mais forte nos Andes e está recebendo um impulso no vizinho Equador com a aquisição da Lindley.

"Há países que beneficiariam mais a Femsa e outros que beneficiariam mais a Arca, dependendo das áreas onde essas empresas já estão presentes", disse Hermosillo, em entrevista por telefone. Além disso, as empresas podem não querer ser sobrecarregadas "com tanto peso realizando as aquisições completas por conta própria".

Título em inglês: Coca-Cola Femsa's M&A Duel With Arca Seen Moving Ahead to Chile

Para entrar em contato com os repórteres: Jonathan Levin, no Rio de Janeiro, jlevin20@bloomberg.net; Nacha Cattan, na Cidade do México, ncattan@bloomberg.net.