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Casino é cortado para junk por S&P em meio a venda de ativos

Geraldine Amiel e Andrew Roberts

21/03/2016 13h20

(Bloomberg) -- O CEO do Casino Guichard-Perrachon, Jean-Charles Naouri, sofreu um golpe em sua batalha com o investidor Carson Block depois que a Standard and Poor’s reduziu para junk a classificação da empresa francesa de supermercados, tornando mais caro o financiamento de dívidas da companhia.

A classificação da dívida de longo prazo foi rebaixada em um degrau, para BB+, o mais alto nível de não investimento, disse a Standard & Poor’s em um comunicado, na segunda-feira. A perspectiva é estável. As ações chegaram a cair 4,8 por cento e depois o declínio foi contido.

A S&P disse que poderá considerar uma “ação de classificação negativa” se o Casino não reduzir as dívidas com os recursos das vendas de ativos planejadas ou se a empresa aumentar substancialmente os dividendos pagos aos acionistas.

Para reduzir dívidas, Naouri está correndo para concluir um plano de captação de 4 bilhões de euros (US$ 4,5 bilhões) com a venda de alguns dos negócios mais rentáveis, incluindo operações de supermercados na Tailândia e no Vietnã. A empresa não pretende aumentar seus empréstimos e os recursos provenientes das vendas de ativos deverão ser maiores do que o planejado, disse o diretor financeiro Antoine Giscard d’Estaing em entrevista por telefone, nesta segunda-feira.

Engenharia financeira?

A Muddy Waters, de Carson Block, alega que o Casino está usando engenharia financeira para mascarar a deterioração de seu principal negócio varejista francês e que a acionista Rallye tem muitas dívidas e depende do fluxo de dividendos do Casino para realizar pagamentos de juros, acusações que o Casino negou.

As ações caíram 0,3 por cento, para 49,23 euros, às 10h20 em Paris. Os papéis haviam subido cerca de 20 por cento nos últimos 30 dias depois que o Casino reportou a venda de sua participação em uma empresa tailandesa de supermercados e devido à especulação de que a venda de uma unidade do Vietnã poderia alcançar 1 bilhão de euros, segundo John Kershaw, analista do Exane BNP Paribas.

“O rebaixamento, portanto, é um golpe, mas esperamos que o Casino suavize a carga financeira”, escreveu Kershaw em uma nota. A decisão da S&P poderia eliminar até 14 por cento do lucro do Casino em 2017, para o qual o consenso é de 440 milhões de euros, disse ele.

O rebaixamento elevará os custos da dívida em bonds em menos de 20 milhões de euros em 2016, excluindo recompras futuras de bonds, e não tem efeito sobre a liquidez, disse o Casino, que tem sede em Saint-Etienne, França, em um comunicado.

O Casino fechou a venda de sua participação na tailandesa Big C Supercenter por 3,1 bilhões de euros em fevereiro. A empresa planeja também negociar sua empresa do Vietnã e fechar estabelecimentos no Equador e no Panamá.

A venda de sua participação na Big C Thailand para a TCC Holding é iminente e a venda de seus ativos na Big C Vietnam está progredindo bem, disse o Casino na segunda-feira.

A S&P disse que as vendas de ativos se refletiram em sua perspectiva estável para a empresa, porque a agência esperava que o Casino usasse os recursos para quitar dívidas na França e recuperar parcialmente sua rentabilidade. Contudo, as vendas também levariam a uma perda de diversificação de negócios, disse a S&P, em um momento de perspectiva fraca para os mercados na América do Sul, de onde o Casino recebe quase metade de suas receitas.

A S&P informou também que o rebaixamento refletia a carga de dívida da Rallye, que depende que os pagamentos de dividendos do Casino sejam realizados mesmo em períodos de estresse e de desempenho operacional fraco.

O Casino reportou uma queda de 35 por cento no lucro de 2015. A ação caiu 43 por cento nos últimos 12 meses.

Título em inglês: Casino’s Debt Cut to Junk at S&P Amid Muddy Waters Attack

--Com a colaboração de Rachel Chang Para entrar em contato com os repórteres: Geraldine Amiel em Paris, gamiel@bloomberg.net, Andrew Roberts em Paris, aroberts36@bloomberg.net, Para entrar em contato com os editores responsáveis: Telma Marotto tmarotto1@bloomberg.net, Patricia Xavier

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