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Primeiro sinal de otimismo na Bolsa dos EUA desde 2009

Lu Wang

13/06/2016 16h16

(Bloomberg) -- Estão aumentando as evidências de que o otimismo está voltando ao mercado acionário dos EUA.

O entusiasmo se explica pelo avanço dos preços das ações em relação aos preços de longo prazo. Esta métrica avisa que é hora de comprar pela primeira vez desde 2009, ano de início de um ciclo que levou o S&P 500 a triplicar até meados de 2015 (desde então o índice pouco se mexeu).

Esse padrão corresponde à opinião de uma minoria crescente de estrategistas influentes que afirma que o caminho está aberto para uma fase de alta das ações, embora a projeção do mercado para o crescimento da economia americana tenha sido reduzida para menos de 2 por cento neste ano, os lucros corporativos não saiam do lugar e o S&P 500 tenha amargado seu pior início de ano em registro.

"Não tem mais muita gente dizendo que o mercado é dominado pelo pessimismo", disse Doug Ramsey, diretor de investimentos da Leuthold Weeden Capital Management, em Minneapolis, que aumentou suas aplicações em renda variável nos últimos três meses. Ainda em janeiro, ele previa queda de 20 por cento nas bolsas americanas. "Ocorreu um declínio longo e profundo o bastante para limpar o terreno para um avanço cíclico dos preços das ações."

Decisões de investimento baseadas no impulso aparente do mercado foram prejudiciais em 2016 e muitos atribuem a elas as perdas dos hedge funds no primeiro trimestre e o pior início de ano já visto para o S&P 500. Porém, uma métrica ativada pela aceleração das tendências dos preços das ações durante períodos superiores a um ano acaba de sinalizar otimismo.

A chamada Curva de Coppock, também conhecida como indicador de ímpeto de longo prazo, é um sistema de gráficos que acompanha a velocidade de alta das ações em relação aos 11 e 14 meses anteriores - intervalos longos o bastante para capturar mudanças abrangentes no sentimento dos investidores. De acordo com uma versão dessa curva utilizada pela Leuthold, o indicador em maio deu um sinal de compra que funcionou corretamente 95 por cento das vezes desde 1929.

Apesar de seus detalhes bizantinos, a Curva de Coppock teoricamente avisa quando o pessimismo já deu tudo o que tinha que dar e quando a movimentação de preços sinaliza apetite renovado por risco. Para os otimistas, é isso o que ocorre no mercado agora, com recuperação das ações após uma das fases de queda mais prolongadas durante um mercado em alta nos EUA.

As bolsas americanas recuaram na semana passada, com o S&P 500 perdendo 0,2 por cento após fechar dois pregões a menos de 1 por cento de distância da pontuação recorde. O valor de mercado das ações dos EUA aumentou aproximadamente US$ 3 trilhões desde meados de fevereiro, quando os papéis completaram uma segunda correção de 10 por cento num período de seis meses.

Virada psicológica

As derrapadas das bolsas em agosto e janeiro representaram uma "virada psicológica", na opinião de Ramsey, acrescentando que, no passado, a desistência por parte dos investidores criou espaço para ganhos adiante.

Usando um modelo similar que define os ciclos do mercado segundo a velocidade das quedas, a Ned Davis Research considera mercado pessimista pleno o período de nove meses de queda que atingiu seu piso em fevereiro. Para a empresa de pesquisas, essa situação permite uma retomada rápida após gerar muita ansiedade entre os investidores.

"O movimento de queda parece refletir um mercado pessimista clássico fora de uma recessão", afirmou Ed Clissold, estrategista-chefe para os EUA da Ned Davis Research, sediada em Venice, na Flórida. "Geralmente é o medo de recessão que provoca a queda e foi exatamente o que aconteceu desta vez. Esse temor se provou infundado, portanto criou muito pessimismo que permite a disparada do mercado."