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Bancos alemães combatem pisos de capital definidos na Basileia

Yalman Onaran

03/01/2017 11h43

(Bloomberg) -- Não surpreende que a Alemanha tenha declarado guerra a uma proposta global para como os bancos devem calcular o capital necessário: seus maiores bancos são os piores classificados quando se trata de avaliar riscos.

Isso significa que Deutsche Bank e Commerzbank serão mais afetados do que a maioria das grandes instituições financeiras e talvez sejam forçados a levantar capital adicional - se e quando o Comitê de Supervisão Bancária da Basileia implementar um piso para o quanto a ponderação de risco dos ativos pode se distanciar de métricas padronizadas.

Segundo cálculos do próprio Deutsche Bank, seus ativos ponderados pelo risco equivalem a apenas 28 por cento de seu balanço patrimonial. No caso dos seis maiores bancos dos EUA, essa parcela chega a 50 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Os bancos alemães argumentam que seus ativos são menos arriscados. Integrantes do banco central do país concordam. No entanto, autoridades dos EUA e um grupo de economistas que assessora o governo alemão afirmam que as instituições europeias manipulam o sistema há muito tempo e que isso precisa parar.

O comitê da Basileia publicou estudos mostrando que a variação nas ponderações de risco pelos bancos não pode ser explicada somente por diferenças nas carteiras.

Esperava-se que um acordo final saísse até 8 de janeiro, quando deve ocorrer a reunião dos principais gestores do comitê. Mas a oposição da Alemanha ao piso proposto atrapalhou esses planos. A reunião pode ser adiada até que autoridades europeias e americanas resolvam suas diferenças.

Os EUA vêm defendendo uma abordagem mais padronizada porque o Congresso definiu pisos parciais para os cálculos de risco dos bancos americanos após a crise financeira e querem que todo mundo siga regras parecidas.

"Embora exista alguma variação imprópria na ponderação de riscos, definir pisos não é o jeito correto de se livrar disso", disse Dirk Jaeger, integrante do conselho da Associação de Bancos Alemães, com sede em Berlim.

'"Porque isso também vai eliminar a variação adequada entre os riscos enfrentados pelos bancos. Um empréstimo imobiliário na Alemanha não é tão arriscado quanto em outro país, onde a execução da hipoteca de uma casa leva muitos anos a mais."

Porta-vozes do Deutsche Bank e do Commerzbank, que são os dois maiores bancos da Alemanha, se recusaram a comentar. Executivos do Deutsche Bank deram declarações públicas expressando objeções parecidas com as de Jaeger.

Pesos padronizados

Os pisos propostos seriam calculados a partir de ponderações padronizadas de risco determinadas pelas autoridades reguladoras. Um título corporativo com classificação de risco AAA recebe determinada ponderação, assim como um empréstimo imobiliário residencial.

Um potencial acordo que parecia promissor no mês passado era a definição de um piso em 75%, ou seja, um banco poderia usar seus modelos internos para determinar o risco contanto que não ficasse abaixo de 75% do que as fórmulas padronizadas definem para os mesmos ativos.

Neste caso, a versão padrão seria a base para calcular quanto capital o banco precisa. Integrantes alemães do comitê da Basileia se opuseram ao conceito de pisos, mas podem concordar com um nível mais baixo, de acordo com alguns integrantes e analistas. O intervalo originalmente proposto pelo comitê era de 60% a 90%.