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Combustível mais caro deve elevar passagens aéreas nos EUA

Justin Bachman

05/01/2017 12h15

(Bloomberg) -- Depois de um confortável período de dois anos de combustível barato e sem grandes crises que reduzissem a demanda por viagens, as companhias aéreas americanas estão se preparando para um 2017 provavelmente com mais turbulências. Apertem os cintos.

Sete trimestres consecutivos de queda das despesas com combustível para aviação estão chegando ao fim, já que as companhias aéreas devem divulgar contas mais altas para o quarto trimestre de 2016, e com a perspectiva de mais aumentos. As cotações do petróleo mais do que dobraram desde o recorde de baixa em fevereiro de 2016, de US$ 26 por barril, e muitos analistas esperam mais altas, ainda que modestas, neste ano.

Além dessa pressão dos custos, três das quatro maiores companhias aéreas dos Estados Unidos fecharam recentemente uma série de acordos trabalhistas, representando um aumento de aproximadamente US$ 3,3 bilhões em despesas operacionais até o fim do ano, segundo a Raymond James Financial. Só a American Airlines Group não participou das recentes negociações de contratos, já que a fusão com a US Airways há três anos resultou em um menor número de acordos trabalhistas. Os pilotos da American, no entanto, estão reivindicando revisões dos contratos para deixar seus salários mais em linha com os reajustes concedidos pelas concorrentes Delta Airlines, Southwest Airlines e United Continental Holdings.

"Esta será a primeira vez em dois anos que o combustível de aviação irá subir, e todo mundo gosta de dizer: 'Ah, já está precificado'. E minha fala é: 'Não, não está'", diz Helane Becker, analista da Cowen & Co., que projeta um declínio de 20 por cento para o lucro líquido ajustado da indústria de aviação dos EUA neste ano.

Para o primeiro trimestre, Becker estima que as duas maiores despesas operacionais das companhias aéreas americanas ? folha de pagamento e combustível ? mostrarão alta de 25 por cento, puxadas pelo reajuste de 17 por cento dos salários de funcionários. As companhias aéreas "estão vendo aumento de custos, mas seu poder de precificação não está subindo no mesmo ritmo que os custos", disse.

Citando o encolhimento das margens, na quarta-feira a Cowen cortou sua recomendação para "desempenho em linha com a média do mercado" para cinco companhias aéreas dos EUA: Alaska Air Group, JetBlue Airways, Spirit Airlines, American e United.

Apesar da turbulência a frente, as companhias aéreas ainda veem sinais positivos. O maior está no lado da receita ? ou seja, fazer com que os passageiros paguem mais pelos bilhetes. Depois de mais de um ano registrando queda da receita por unidade devido ao excesso de capacidade e a preços achatados, as companhias aéreas esperam reverter a tendência no primeiro trimestre. Na quarta-feira, a Delta reforçou este argumento quando divulgou que a receita por assento disponível por milha (um assento voado por milha, uma métrica padrão do setor) ficou estável em dezembro.