IPCA
0,83 Mai.2024
Topo

Crucificados de Assunção querem ajuda do papa Francisco em luta por direitos

08/07/2015 15h56

Assunção, 8 jul (EFE).- Quatro ex-funcionários da represa de Itaipu e uma mulher, parente de um antigo operário, continuam com as mãos cravadas a pedaços de madeira no chão nesta quarta-feira para pedir ao papa, que chegará a Assunção na sexta-feira, que faça o intermédio com o governo para conseguir os direitos trabalhistas que reivindicam.

"Esperamos que o papa escute nosso protesto", disse à Agência Efe Rosa Cáceres, que está crucificada há oito dias junto aos companheiros em frente à embaixada do Brasil na capital paraguaia.

Cáceres permanece estendida no chão ao lado de Gerardo Orué, Roque Samudio, Roberto González, Pablo Garcete, ex-funcionários da hidrelétrica compartilhada por Paraguai e Brasil.

Imagens em tamanho real do pontífice e de seu rosto estão penduradas entre bandeiras paraguaias e brasileiras, além de ícones sagrados, na precária barraca onde os manifestantes se protegem da chuva.

Os manifestantes exigem que, atendendo a um tratado assinado pelos governos de Brasil e Paraguai em 1974, recebam o mesmo tratamento dado aos trabalhadores do lado brasileiro, entre eles incentivos por produtividade e antiguidade.

Itaipu, que hoje abriga a segunda represa de maior produção do mundo, está encravada no rio Paraná, no limite natural entre Paraguai e Brasil.

"Estou fazendo este sacrifício com meus companheiros para que a justiça seja feita. Estamos nos crucificando por nossos direitos, que são justos e os governos do Paraguai e Brasil se fazem de desentendidos", disse Cáceres.

"Somos católicos e acreditamos que nosso senhor Jesus Cristo fez isto. Estamos presenciando este momento, como Jesus fez, por uma verdadeira justiça e pela salvação de todos os cristãos", acrescentou a mulher na cruz.

Carlos González, porta-voz da Coordenadoria de Ex-Trabalhadores de Itaipu, expressou à Efe seu descontentamento pela recente resposta enviada pela represa à imprensa paraguaia, na qual garante não ter nenhuma responsabilidade com os mais de cinco mil trabalhadores representados pelos crucificados.

Os cinco continuam com uma forma de protesto que já tinham abandonado ao conseguir um pré-acordo com o governo paraguaio no dia 29 de janeiro, após passarem mais de 50 dias cravados pedaços de madeira e fazerem uma manifestação pelo centro de Assunção carregando suas cruzes.

No entanto, cinco meses mais tarde, voltaram às cruzes devido à "falta de resposta" por parte do governo e dos dirigentes da empresa.

González explicou que mais duas pessoas serão crucificadas na quinta-feira e tentarão fazer com que o papa Francisco veja seus cartazes de protesto quando passar pelo centro de Assunção rumo ao palácio do governo, onde se reunirá com o presidente do Paraguai, Horacio Cartes.

Como representante do grupo, González foi convidado a participar da reunião que o papa realizará com membros de diferentes organizações sociais no dia 11 de julho durante sua visita ao Paraguai.

O papa Francisco chegará a Assunção nesta sexta-feira, após passar por Equador e Bolívia.