O dólar fechou com leve alta de 0,29% nesta sexta-feira (10), cotado a R$ 5,157. Já o Ibovespa encerrou o dia com leve queda, de 0,46%, aos 127.599,57 pontos, enquanto os mercados continuavam de olho nas divisões dentro da diretoria do Banco Central do Brasil e na política monetária do Fed (Federal Reserve; banco central dos EUA).
Na variação semanal, a moeda norte-americana avançou 1,73%. Enquanto a Bolsa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3), caiu 0,71% na semana.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere- se ao dólar comercial (saiba mais clicando aqui). Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, a referência é o dólar turismo, e o valor é bem mais alto.
O que aconteceu
Na quinta-feira (9), o dólar saltou mais de 1%. O fechamento foi afetado pelo receio de que o Banco Central possa se tornar mais brando no combate à inflação a partir de 2025, quando os dirigentes indicados pelo governo Lula se tornarão maioria na instituição.
O que alimentou esses temores foi a divisão de votos na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) de quarta-feira (8). O colegiado decidiu por 5 votos a 4 cortar a taxa básica Selic em 25 pontos-base, para 10,50% ao ano. Todos os cinco dirigentes que votaram por corte de 25 pontos-base foram indicados pelo governo anterior, de Jair Bolsonaro (PL), enquanto os quatro diretores que defenderam o corte de 50 pontos-base foram indicados pela administração Lula.
Mercado interno também analisa os dados da inflação oficial de preços. Segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (10), o índice subiu 0,38% em abril, ante variação de 0,16% registrada no mês anterior. O ganho de ritmo do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) foi puxado pela alta dos alimentos e dos remédios.
Conforme investidores locais continuam digerindo as perspectivas para o Banco Central, o clima externo oferecia alívio. Segundo Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital, o cenário indica o recente arrefecimento nos dados de emprego dos Estados Unidos. Na semana passada, dados de abertura de vagas fora do setor agrícola vieram abaixo do esperado, enquanto, na quinta, uma leitura mostrou surpresa para cima nos pedidos de auxílio-desemprego.
"Isso novamente deu fôlego para o mercado voltar a acreditar em corte de juros por lá, agora no segundo semestre", disse Bergallo.
Na semana passada, o Fed deixou sua taxa de juros de referência inalterada na faixa atual de 5,25% a 5,50%, onde se encontra desde julho. Operadores, que no final do ano passado chegaram a prever que o início da redução dos juros nos EUA poderia começar tão cedo quanto março, adiaram consecutivamente suas projeções, que agora apontam setembro como o momento provável do primeiro corte.
Num geral, quanto mais o Federal Reserve cortar os juros e quanto menos o BC afrouxar a política monetária local, melhor para o real. Isso porque, quanto maior o diferencial de juros entre Brasil e EUA, mais interessante fica a moeda doméstica para uso em estratégias de "carry trade", em que investidores tomam empréstimo em país de taxas baixas e aplicam esse dinheiro em mercado mais rentável.
(Com Reuters)
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