Dólar cai pelo 2º dia seguido após leilão de US$ 7 bilhões e falas de Lula

O dólar recuou 0,81% nesta sexta-feira (20) e fechou a semana cotado a R$ 6,0719. A segunda desvalorização consecutiva da moeda norte-americana ante o real foi influenciada pelas intervenções que injetarem US$ 7 bilhões no mercado e as declarações do presidente Lula em defesa do ajuste fiscal e da autonomia do BC.

O que aconteceu

Dólar operou em queda ao longo de toda a sexta-feira. A cotação comercial da moeda norte-americana ante o real manteve a tendência do final do pregão da véspera, quando a moeda recuou 2,3% após bater o recorde nominal de R$ 6,30. O nível recorde intradia estimulou uma forte intervenção do BC no mercado cambial.

Queda da moeda foi atenuada ao longo da manhã. Depois de atingir R$ 6,052 após o leilão de US$ 3 bilhões realizado pelo BC na abertura dos negócios, o dólar marcava R$ 6,114 no momento da segunda intervenção. A partir de então, houve uma queda menor, mas a divisa permaneceu abaixo de R$ 6,10 até o fim da sessão.

BC realizou novos leilões para conter a cotação do dólar. Após as ofertas bem-sucedidas na véspera, a autoridade monetária comunicou na noite de ontem que venderia mais US$ 7 bilhões nesta sexta. Na primeira negociação, logo na abertura o pregão, foi leiloado o total de US$ 3 bilhões. Na segunda oferta do dia, o BC assumiu o compromisso de recompra dos valores em julho do próximo ano.

Leilões incompletos não reverteram trajetória de queda. O BC disponibilizou o valor restante em duas oportunidades ao longo da manhã. A primeira oferta de linha não teve propostas aceitas. Já a segunda foi cancelada em virtude de "problemas no sistema", segundo a autoridade monetária. Assim, os US$ 2 bilhões restantes foram negociados apenas no início da tarde.

Dólar turismo também recuou nesta sexta-feira. A cotação da divisa destinada aos viajantes fechou o dia com variação negativa de 1,03%, comercializada a R$ 6,122.

Ajuste fiscal

Vídeo de Lula ajudou a tranquilizar o mercado financeiro. Ao lado do futuro presidente do BC, Gabriel Galipolo, e dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento) e Rui Costa (Casa Civil), o presidente afirma que "jamais vai interferir no trabalho do Banco Central". Na gravação, Lula também garante estar comprometido com o corte de gastos.

Tomamos as medidas necessárias para proteger as regras fiscais e seguiremos atentos à necessidade de novas medidas.
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil

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Moeda passa a cair mais de 1% após as 15h. A queda do dólar foi ampliada após a manifestação de Lula e voltou a R$ 6,05, mesmo patamar registrado nas primeiras negociações do dia. Com a veiculação do vídeo, a divisa norte-americana marcou R$ 6,048, menor cotação do dia.

Avanço do corte de gastos no Congresso pesa positivamente. Além das movimentações do BC e da declaração de Lula, a aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do ajuste fiscal auxiliou no recuo da moeda norte-americana nesta sessão. O texto foi promulgado pelo Congresso Nacional.

Bolsa

Ibovespa apresenta estabilidade ao longo da sessão. O principal índice do mercado acionário brasileiro oscilou entre altas e baixas nos primeiros momentos desta sexta-feira. O descolamento inicial ocorreu no início da tarde e foi ampliado após a divulgação do vídeo de Lula com os ministros da área econômica e Galipolo.

Mercado acionário só será encerrado às 18h. Às 16h19, o índice operava em alta de 0,81%, aos 122.173,60 pontos. O volume de negócios superava R$ 12,86 bilhões.

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Vamos (VAMO3) e Cogna (COGN3) lideram as altas. Os papéis da empresa têm alta acima de 7%, negociados por R$ 1,14 e 5,06, respectivamente. Entre as baixas, a maior das perdas fica na conta da Qualicorp (QUAL3) e da Automob (AMOB3), que têm as ações vendidas por R$ 1,68 (-5,08%) e R$ 0,44 (-6,38%).

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