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Abrir pet shop móvel custa R$ 65 mil; veja mais negócios sobre rodas

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

06/07/2012 06h00

Como alternativa à escassez de pontos comerciais e aos altos preços dos aluguéis nas grandes cidades, um novo formato de negócio começa a despontar no mercado. São as franquias móveis, unidades que funcionam em automóveis adaptados e vão até o consumidor para prestar serviços ou comercializar produtos.

Já é possível abrir pet shops, a partir de R$ 65 mil (excluído valor do veículo), cafeterias, escolas de culinária para crianças e até servir comida japonesa nesse formato, com unidades a partir de R$ 29 mil (excluído valor do veículo). Outra opção são os carrinhos de churrasco (a partir de R$ 30 mil) e de bebidas (a partir de R$ 3.000) que, embora não possam circular pela cidade, também são isentos dos custos imobiliários. 

Para Cristiane Diniz, coordenadora de planejamento estratégico da Fábrica 3, consultoria em franchising e construção de negócios, o investimento inicial pode ser até 60% mais barato do que o de uma loja fixa. 

O custo de operação também é mais baixo, podendo ser até 40% menor do que o de uma unidade fixa. “O veículo pode ser financiado em até 60 meses e o franqueado móvel vai ter gastos na medida em que surgem demandas.”

Os custos operacionais relacionados ao veículo, como IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículo Automotor), combustível, seguro e manutenção, são menores do que as despesas quando o negócio é montado num imóvel, que envolvem aluguel, IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano), água, luz e condomínio.

O início da operação também costuma ser mais rápido. “Nas grandes cidades, muitas vezes, o franqueador tem tudo certo com o franqueado, mas não consegue o ponto comercial e a demora para implantar a loja pode ser de até um ano”, declara Diniz.

Franqueador leva loja para as ruas

Luís Renato Bischoff é franqueador de três marcas: Click Suchi (comida japonesa), Tostare Café (cafeteria) e Mini Chefs (aulas de culinária para crianças). Ao perceber a dificuldade em encontrar bons pontos comerciais, ele optou por levar as franquias para o formato móvel.

Segundo ele, o valor de investimento inicial para lojas fixas da Tostare e Click Suchi podem sair por até R$ 228 mil e R$ 260 mil, respectivamente, enquanto as itinerantes custam R$ 29 mil (adaptação do carro + taxa de franquia + capital de giro).

O valor não inclui o veículo, que pode ser comprado à vista ou financiado a partir de R$ 35 mil. “Temos parceria com uma montadora para conceder descontos para franqueados. Todos os nossos carros são do mesmo modelo”, afirma Bischoff.

Lojas móveis precisam de alvará e inspeção sanitária

As marcas Tostare Café e Click Suchi funcionam da mesma forma: o veículo para em locais de grande movimentação, como centros comerciais ou estacionamentos de condomínios, e prepara as refeições e bebidas no local.

É necessário notificar a administração do local com antecedência sobre a intenção de utilizar o espaço para comercializar os produtos. Além disso, o franqueado precisa ter carteira de habilitação tipo B, alvará de funcionamento e autorização da vigilância sanitária.

A Mini Chefs leva toda a estrutura para prestar o serviço, mas precisa de um salão para ministrar as aulas para as crianças. Está sujeita às mesmas regulamentações das outras franquias do grupo.

“O empreendedor pode trabalhar no horário e no local que quiser. Se ele tem contatos na noite, por exemplo, pode parar o veículo em frente a uma casa de shows”, diz Bischoff.

Pet shop vai até o cliente

No mesmo modelo de atuação, o Petshop Móvel vai até a casa do cliente para prestar serviços de banho, tosa, “dog walker” e “dog fitter” (passeio e cuidador de animais), além de venda de brinquedos e ração.

De acordo com o diretor de expansão da franquia, Renato Nascimento, como não há legislação específica para pet shops itinerantes e o carro fica estacionado por poucas horas enquanto presta o serviço, não é necessário alvará de funcionamento e inspeção da vigilância sanitária.

Porém, no momento de emitir o CNPJ, a empresa deve ser registrada como um pet shop convencional e indicar um endereço fixo, que pode ser o da própria residência.

“O franqueado deve se atentar ao público. Nosso foco são clientes das classes A e B. Por ser um serviço exclusivo, o preço cobrado é um pouco superior ao tradicional”, declara Nascimento.

Consultora recomenda estar em dia com manutenção e seguro do carro

Segundo a consultora Cristiane Diniz, os maiores riscos para quem atua com uma “franquia sobre rodas” é o de se envolver em um acidente de trânsito, roubo, furto e quebra do veículo, caso não haja manutenção preventiva.

“O carro precisa estar em dia com a manutenção, com o seguro e obedecer às leis de trânsito. Ele não é apenas um veículo, mas sim uma empresa”, diz.

A sócia da consultoria em franchising Vecchi Ancona, Ana Vecchi, afirma que o franqueado deve ter preocupação especial com a higiene e com as condições de armazenamento e refrigeração de produtos e alimentos nas unidades itinerantes.

A empresa também não pode gerar lixo e criar uma imagem negativa com o público. “A construção da marca vai do cuidado que o empresário tem com a qualidade, visual e preço justo. Não custa fazer apelo para que as pessoas joguem o copo no lixo. Mesmo que o local não tenha latas de lixo, ele tem de carregar a dele”, diz.