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Ex-vendedor de geladinhos agora faz sucesso com agência de eventos

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

03/12/2012 06h00

Por trás do Prêmio Jovem Brasileiro -- evento que reconhece anualmente nomes que se destacaram em várias áreas, como o jogador Kaká, a comediante Dani Calabresa, o ator Bruno Fagundes, e as bandas NXZero e Cine -- está Guto Melo, um empresário que desde a infância demonstrava interesse em negócios.

Aos sete anos, ele vendia geladinhos – saquinhos com suco congelado -- na garagem de casa, na Vila Formosa, Zona Leste da capital paulista. A experiência acumulada desde pequeno permitiu que hoje, aos 29 anos, ele experimente o sucesso da sua agência de eventos Zapping. Só em 2011, a empresa teve lucro líquido de R$ 750 mil.

O carro-chefe do negócio é a premiação, que já chegou à sua 11ª edição, mas a empresa também produz outros eventos voltados ao público jovem. “Queria marcar o jovem da mesma forma como marquei as crianças do meu bairro. O crescimento da empresa veio com a criação do prêmio”, diz. Na última edição, em outubro, Bel Pesce, a jovem empresária brasileira que atua no Vale do Silício e autora do livro “A Menina do Vale”, foi premiada como a empreendedora do ano.

Primeiras experiências bem-sucedidas foram de marketing

Na época em que vendia geladinhos, Melo já desenvolvia suas estratégias de marketing. Para aumentar as vendas, ele cortava canudinhos e colocava dentro das embalagens. Quem encontrasse o “geladinho premiado” tinha direito e trocar por outro gratuitamente. “Foi um sucesso, garotos de outros bairros vinham para comprar e achar os canudinhos”, afirma.

Até os 13 anos, Melo ficou à frente da “lojinha” e ampliou o mix de produtos oferecidos. Doces, salgadinhos, refrigerantes e até pipas passaram a ser vendidos. A garagem se transformou num ponto de encontro para as crianças da região. Na época, o lucro médio do negócio era equivalente a R$ 150.

  • Divulgação/Andrea Matsumoto

    Dos sete aos 13 anos, Guto Melo vendeu geladinhos e doces na garagem de casa

Mais tarde, o jovem deixou as vendas para trabalhar por quatro anos na produção de uma agência de eventos e modelos. Foi quando aprendeu os bastidores do negócio que tem hoje. O contato com diário com produtoras e empresas parceiras mostrou como organizar eventos e a parte operacional de uma agência.

Aos 17 anos, decidiu que era o momento de voltar a empreender. “Queria ter uma liberdade que não tinha dentro do escritório de modelos”, diz.

Empreendedor enfrentou preconceito por ser jovem

O empreendedor alugou e reformou um escritório para sua agência, que, no início, funcionava informalmente. Apenas no ano seguinte a empresa foi formalizada. Uma grande dificuldade neste período, segundo o empresário, foi demonstrar credibilidade e competência, apesar da pouca idade.

Melo declara que enfrentou preconceito por parte de alguns clientes. Nas reuniões de trabalho, eram comuns situações constrangedoras ou engradas ao se depararem com o garoto franzino.

“Certa vez, fui a uma empresa e havia outras pessoas na recepção com mais idade do que eu. A cliente chegou e perguntou, olhando apenas para elas, quem era o Guto. Ela ficou surpresa e sem graça ao ver que era eu”.

Então, resolveu usar a juventude a seu favor. Decidiu apostar no público também jovem para direcionar os produtos e eventos da Zapping. Hoje, cerca de 80% das atividades da agência são ligadas a este público. “Dizia para os clientes que nós éramos uma empresa de jovens para os jovens”, afirma.