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Ex-cabeleireira cria pia portátil e já exporta para EUA e Europa

A ex-cabeleireira Gislaine Marcandali (em pé) criou pia portátil para atender a clientes em domicílio - Leonardo Soares/UOL
A ex-cabeleireira Gislaine Marcandali (em pé) criou pia portátil para atender a clientes em domicílio Imagem: Leonardo Soares/UOL

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

05/03/2013 06h00

Forçada a fechar o salão para cuidar dos filhos, a ex-cabeleireira Gislaine de Fátima Marcandali, 53, teve uma ideia que a colocou de novo no mundo dos negócios. Ela criou um lavatório portátil para cabelos e algumas unidades foram vendidas para os Estados Unidos, Espanha e México.

A ideia já ganhou reconhecimento. Marcandali foi a vencedora da etapa paulista do Prêmio Mulher de Negócios, na categoria Empreendedora Individual. Ela é também uma das finalistas da premiação nacional, que será realizada pelo Sebrae no dia 7 de março.

O equipamento tem duas rodas, cerca de 20 kg e não é ligado ao sistema de encanamento. Basta o operador do aparelho encher um dos reservatórios com água e ligar na tomada. Depois de dez minutos, a temperatura está ideal para a lavagem dos cabelos.

A água é bombeada até um chuveirinho e, em seguida, desce para outro reservatório vazio com a mesma capacidade do anterior. Por fim, o líquido é escoado do segundo reservatório pelo ralo, através de uma mangueira que é abaixada, da mesma forma como numa máquina de lavar roupas.

O lavatório pode ser desmontado em três partes e transportado em um carro. Para cabeleireiras que não possuem automóvel, existe uma opção sem os reservatórios de inox.

Esse modelo alternativo vem com um pedestal, um aquecedor e uma cuba de acrílico e pesa menos de 5 kg. É desmontável e pode ser transportado em uma sacola grande. No entanto, é necessário estar próximo a uma torneira para que a água seja captada e aquecida.

Clientes lavavam cabelo no tanque

O aparelho foi inventado para solucionar problemas rotineiros. Depois de fechar o salão, a ex-cabeleireira continuou atendendo algumas clientes antigas em domicílio para elevar a renda familiar. Elas, no entanto, tinham de lavar os cabelos no chuveiro, na pia ou até mesmo no tanque.

  • Leonardo Soares/UOL

    O lavatório portátil de inox escovado (à esq.) tem cerca de 20 kg. Já o modelo no pedestal (à dir.) pesa menos de 5 kg

Muitas vezes, por não ter o equipamento apropriado para a lavagem, resíduos das tinturas não eram removidos completamente.

“Algumas clientes tomavam banho para retirar a tinta, mas não lavavam o cabelo corretamente. O profissional é quem sabe o tempo certo e as áreas que precisam de enxágue”, afirma. Além disso, havia clientes que reclamavam de dores nas costas quando se encurvavam para lavar os cabelos no tanque.

Em 2007, a Marcandali procurou a ajuda do Sebrae-SP, instituição e apoio a micro e pequena empresa, e do IPT (Instituto  de Pesquisa e  Tecnologia) para desenvolver o lavatório portátil.

Negócio já fatura R$ 10 mil por mês

Pouco mais de um ano depois, o produto estava pronto. Somados os gastos com a montagem das três primeiras unidades e o pedido de patente da ideia, a empresária desembolsou cerca de R$ 2.500. Em 2009, ela abriu formalmente a empresa, a Dublê Lavatórios Portáteis.

Entre vendas e locações de lavatórios, o negócio fatura cerca de R$ 10 mil por mês e já se enquadra como microempresa. A produção é feita sob demanda e os preços dos equipamentos em inox escovado variam de R$ 2.350 a R$ 2.980. Já os modelos de pedestal custam R$ 1.340.

Os principais clientes da Dublê são profissionais de beleza que atendem em domicílio. Empresas de cosmético e estúdios de foto também utilizam o equipamento em ações promocionais, como lançamento de xampus, ou para lavar cabelos de modelos em ambientes que não comportam um lavatório fixo.

Perseverança

(...) cogitei desistir da ideia, mas bastava um cliente ligar interessado no produto para eu me animar e voltar a acreditar

Gislaine de Fátima Marcandali, ex-cabeleireira e criadora do lavatório portátil para cabelos

Empresária teve prejuízos no início

As primeiras unidades dos lavatórios portáteis tinham os reservatórios feitos em fibra de vidro. O material era mais barato, porém era comum que apresentasse vazamentos de água.

Por conta do problema, a empresária amargou prejuízos no começo. “Já tive de arcar com os custos de viagens para o Rio de Janeiro e Santa Catarina para fazer assistência [do produto]”, declara.

No ano passado, a fibra de vidro dos reservatórios foi trocada por inox escovado. O novo material eliminou os vazamentos e facilitou a manutenção do equipamento. O negócio, finalmente, começou a dar lucro.

“É uma enorme satisfação ver os frutos do seu esforço, do seu trabalho e da sua persistência. Por duas vezes cogitei desistir da ideia, mas bastava um cliente ligar interessado no produto para eu me animar e voltar a acreditar”, diz.