IPCA
0,83 Mai.2024
Topo

Dólar oscila muito por insegurança de investidores, dizem analistas

Sophia Camargo

Do UOL, em São Paulo

14/06/2013 06h00

O comportamento do dólar tem assustado o mercado nas últimas semanas obrigando o governo a vender dólares e a cortar impostos na tentativa de diminuir a alta da moeda. Na quarta-feira (12), o dólar fechou com o maior valor em mais de quatro anos. E por que razão o dólar está oscilando tanto?

Na avaliação de William Eid, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da FGV, a culpa é do próprio governo, que não tem uma política macroeconômica de longo prazo.

“O governo trabalha com políticas microeconômicas, apagando incêndios. Somos o país da fantasia, o que cria uma incerteza brutal nos investidores”, diz. “É da nossa burrice atávica a visão de curtíssimo prazo, de políticas que não ultrapassam a próxima eleição municipal."

Como a situação está ruim no mundo e no país, o mercado investidor está bastante instável, com os investidores procurando onde aportar o dinheiro.

"Com os Estados Unidos dando alguns sinais de recuperação, ainda que muito frágeis, o dinheiro voa para lugares mais seguros”, diz o professor de Finanças da Fiap Marcos Crivelaro. “Os investidores avaliam que o governo brasileiro apenas toma medidas pontuais.”

O vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef), Luiz Calado, concorda.

“A preocupação com a oscilação do dólar é porque ela cria um ambiente de incerteza para os empresários que compram e vendem usando a moeda norte-americana. Isso é ruim porque causa surpresas e pode levar à quebradeira, como aconteceu em 2008 [referindo-se aos casos de Aracruz e Sadia, que fizeram operações apostando na oscilação da moeda]", diz.

A moeda em alta também exerce uma pressão inflacionária, já que o Brasil está importando muitos produtos. Além da inflação, a excessiva importação faz com que parte da indústria fique sucateada.

Para o professor Marcos Crivelaro, a tendência é o quadro continuar se deteriorando, com alta de inflação e agências internacionais de classificação de risco reduzindo a nota do Brasil. Isso significa que o país fica menos confiável para investir.

Além disso, com as férias se aproximando, a busca pelo dólar aumenta pois o brasileiro cada vez mais gasta no exterior. “Não é um cenário desastroso, mas incerto.”