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Empresa transmite show via Facebook e fatura R$ 500 mil por ano

Gustavo Marques, diretor da Livebiz, é contratado por grandes empresas para transmitir shows pela internet - Divulgação
Gustavo Marques, diretor da Livebiz, é contratado por grandes empresas para transmitir shows pela internet Imagem: Divulgação

Larissa Coldibeli

Do UOL, em São Paulo

17/06/2013 06h00

Gustavo Marques, 37, encontrou uma maneira de lucrar com música na internet. Há um ano ele criou a Livebiz, empresa que transmite shows ao vivo pela internet para usuários do Fabebook, e fatura R$ 500 mil por ano. 

A empresa se especializou em elaborar projetos para grandes companhias. Já transmitiu shows das cantoras Claudia Leitte e Maria Gadú para a página de uma marca de TV por assinatura na rede social, e da banda NX Zero para uma montadora de veículos.

Marques explica que, para as empresas, é interessante se conectar com o seu público por meio da música.

Foi a experiência de Marques na área digital de uma agência de comunicação que fez com que ele identificasse a necessidade das grandes empresas.

“Antes, as marcas só podiam se associar à música por meio de patrocínios de shows, mas o show não era visto como uma ação da marca e, sim, do artista. Agora, as marcas convidam artistas e realizam shows próprios, levam clientes especiais para assistir pessoalmente e transmitem on-line.”

Dessa forma, ele diz, as grandes empresas entram em contato com seus consumidores e potenciais consumidores, em qualquer lugar do Brasil.

A Livebiz ajuda empresas a selecionar shows de interesse do público e faz a negociação para transmissão on-line ou contrata o artista para fazer um show específico para marca. Além de criar o conceito do evento e fazer o contato com o artista, a empresa de Marques fica responsável pela estrutura do show, como locação de espaço e cenário, e pela parte tecnológica da transmissão.

Dicas para startup de música

  • 1

    Oportunidades

    A internet mudou a forma de se criar, distribuir e consumir música. As oportunidades são muitas, segundo especialistas, desde que se crie algo inovador e atinja um público-alvo

  • 2

    Modelo de negócio

    Desde o início, é importante pensar nos custos. De onde virá o faturamento, os gastos da operação, tempo de retorno do investimento etc., porque a internet está cheia de serviços grátis

  • 3

    Lucro

    Para cobrar, ofereça um serviço que gere benefícios claros para um público específico – empresas, artistas, público ou anunciantes. Ao direcionar sua atuação, esse grupo vai identificar o valor do serviço e vai querer pagar por ele

  • 4

    Pesquisa

    Fique atento às novas tecnologias e suas possibilidades, conheça as empresas que já atuam no segmento e seus modelos de negócios. Assim é possível inovar

  • 5

    Inovação

    Inovar é observar os modelos que já existem e criar diferenciais em cima deles, aprimorando-os. Copiar o que já faz sucesso não adianta

    Ele não menciona valores, mas diz que os principais clientes da Livebiz são grandes empresas, devido ao custo elevado de projetos deste tipo. Segundo ele, não é difícil convencer os artistas a fazerem shows exclusivos para a transmissão pela internet.

    “Grandes companhias se preocupam com a exposição da sua marca, que é o principal benefício de projetos musicais deste tipo. Elas querem se associar a artistas de grande porte e eles querem expor sua imagem para o público on-line. Além disso, a qualidade tecnológica da transmissão é fundamental para o sucesso”, declara.

    O objetivo de Marques é dobrar o faturamento da empresa no segundo ano de funcionamento e, para isso, ele continua investindo o que ganha no negócio. O investimento inicial foi de R$ 350 mil – metade dele e metade de investidores.

    Internet traz oportunidades

    Marcelo Pimenta, professor do Laboratório de Startups do Centro de Inovação e Criatividade da ESPM, diz que a internet eliminou o intermediário entre o produtor cultural e o consumidor. “Isso faz com que haja uma explosão de novos negócios e oportunidades surgindo.”

    Segundo ele, a evolução das tecnologias e seu baixo custo permitem que cada vez mais pessoas empreendam na área de tecnologia. “Mas é importante criar um modelo de negócio capaz de ser lucrativo.”

    Celso Augusto Forster é um dos cinco sócios do site Clap Me, um “palco virtual” para artistas alternativos. Qualquer pessoa pode fazer a transmissão on-line ao vivo de um show, que  fica disponível depois na página.

    O site está no ar desde março e Forster explica que, por enquanto, o serviço é grátis, mas há previsão de que passe a ser cobrado depois que o site se consolide como referência em conteúdo alternativo.

    “Estudamos oferecer uma quantidade de transmissões grátis no mês e, atingido o limite, passamos a cobrar. Com a cobrança, o artista ganhará benefícios, como suporte técnico e gravação de DVD, por exemplo”, afirma.

    O investimento para o início do negócio foi quase zero, segundo Forster, já que os cinco sócios se dedicaram para tirar a ideia do papel e um deles é programador.

    Inovação dá valor ao serviço

    Para Claudio Carvajal, professor da FIAP (Faculdade de Informática e Administração Paulista) e especialista em empreendedorismo e startups, a música desperta interesse geral e sempre terá um apelo forte de mercado.

    Ele afirma que a internet mudou a forma de se distribuir e consumir música. “Antes, algumas empresas controlavam os lançamentos e selecionavam quais artistas iam fazer sucesso. Hoje, o consumidor cria e divulga materiais e, depois que o sucesso acontece, as empresas correm atrás dele.”

    Ele diz que o empreendedor com interesse na área fonográfica tem que estar bem informado sobre as mudanças tecnológicas, conhecer os modelos de negócio utilizados, para, então, criar algo que as pessoas valorizem e pelo qual ele possa cobrar.

    “Quanto maior for o propósito do negócio, mais a empresa cresce. A inovação é o que gera valor. Inovar não é ter uma ideia revolucionária, é observar os modelos que já existem e criar diferenciais em cima deles, aprimorando-os. Por isso, é importante pesquisar, conhecer o que já existe. Copiar não adianta”, afirma.