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Drinque verde-amarelo e pastel da Copa fazem lucro de bares subir 15%

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

19/06/2013 06h00

Durante os jogos da Copa das Confederações, donos de bares apostam em um cardápio especial para atrair clientes e aumentar o faturamento nos dias de partidas.

No Rio de Janeiro (RJ), o Joaquina Bar criou um drinque verde-amarelo, com abacate, manga, vodca e licor de menta. Como os ingredientes não se misturam no copo, a bebida fica amarela por baixo e verde em cima. Em São Paulo (SP), o Moça Bonita preparou pastéis com sabores inspirados na culinária dos oito países participantes do torneio.

Os novos pastéis já resultaram em um incremento de 15% nas vendas do Moça Bonita no último sábado (15), quando ocorreu o primeiro jogo da seleção brasileira no torneio. Já o sócio do Joaquina Bar, Marcos Gélio, 48, diz que criou o drinque da Copa para manter a clientela durante a paralisação do Campeonato Brasileiro. 

Segundo ele, o bar é conhecido por transmitir jogos e é ponto de encontro de pessoas que querem acompanhar as partidas dos campeonatos nacionais junto com os amigos. "Com a suspensão temporária do Campeonato Brasileiro por causa da Copa das Confederações, buscamos alternativas para deixar a casa cheia."

Apesar do lançamento, Gélio diz que o carro-chefe do bar continua sendo o chope. O estabelecimento vende cerca de 900 chopes nos dias de jogos. "O drinque é um incremento para mostrar aos nossos clientes que estamos no clima da competição”, diz. A bebida custa R$ 14.

Além do novo drinque e do chope, o bar também aposta nas porções Combinado da Roça (mandioca frita, torresmo e anéis de cebola e carne seca) e camarão navegante (canoas de creme de camarão gratinados com queijo parmesão) para vender mais. Os preços vão de R$ 24 a R$ 28.

Gélio conta que o bar atende até 250 pessoas durante uma partida de futebol.

Pastéis retratam culinária de seleções

Os novos sabores do bar Moça Bonita serão vendidos apenas até o dia 30 de junho, quando termina a Copa das Confederações. Segundo o proprietário Marcus Ramalho, 53, os oito pastéis são inspirados na culinária dos países participantes da competição: Brasil, Espanha, Itália, Japão, México, Nigéria, Taiti e Uruguai.

Ramalho diz que precisou pesquisar ingredientes típicos de cada um deles e testar as combinações antes de oferecê-las ao público. “Não adianta inventar uma receita se o sabor não agrada.”
 
Os mais pedidos, de acordo com ele, são os pastéis mexicano (com feijão, carne moída, pimenta e coentro), italiano (calabresa toscana e manjericão) e taitiano (camarão com abacaxi ao molho curry). Os quitutes são vendidos por unidade.
 
O pastel brasileiro é feito de carne seca com abóbora. O espanhol (presunto ibérico com queijo), o japonês (shitake na manteiga), o nigeriano (cordeiro com pimenta caiena) e o uruguaio (doce de leite com sorvete de baunilha) são pedidos com menos frequência. Os preços variam de R$ 5,50 a R$ 9,50.
 
“Os clientes adoram novidades. Só no primeiro final de semana de jogos, tivemos um aumento de 15% na clientela inclusive nas partidas de outras seleções”, afirma.
 

Cardápio especial garante competitividade

De acordo com a analista do Sebrae-MG (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa), Mônica Stela Castro, bares que investem em bebidas e porções especiais para atrair a clientela criam diferenciais competitivos.

No entanto, ela afirma que todas as novidades no cardápio precisam ser testadas antes de chegarem ao cliente. “Se o sabor não for agradável, a aceitação do produto fica comprometida.”

Receitas que utilizem ingredientes típicos de outras culturas –como as dos países que disputam a Copa das Confederações– merecem atenção ainda maior, segundo Castro.

“É preciso pesquisar sobre a culinária desses países para não distorcê-la e criar um prato constrangedor para o empresário”, declara.

Televisores atraem público

A exibição de jogos em televisores e telões é outra fonte para atrair clientela, segundo a analista do Sebrae-MG. Castro diz, no entanto, que o estabelecimento não pode cobrar entradas ou ingressos para exibir as partidas. 

Caso resolva cobrar, de acordo com a consultora, é necessário pedir uma autorização para à TV Globo, detentora dos direitos de transmissão da Copa das Confederações, e pagar uma taxa para a emissora. O valor varia conforme a capacidade do estabelecimento. 

“Se o empresário não tiver licença para cobrar entrada, o estabelecimento pode ser fechado”, diz. A licença pode ser obtida no site da Fifa.

Para o presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Paulo Solmucci Júnior, mesmo os bares que não têm o hábito de transmitir jogos podem colocar uma TV para os clientes acompanharem as partidas.
 
Segundo ele, principalmente nos jogos realizados no meio da semana, a possibilidade de lucrar é maior. 
 
“Em um jogo do Brasil durante a semana –como é o caso da partida de hoje (19) contra o México– o estabelecimento pode operar com casa cheia em um horário em que estaria com movimento quase zero”, afirma.