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Aposentados da Varig fazem greve de fome em saguão de aeroporto no Rio

12.ago.2013 - Aeroviários aposentados fazem greve de fome no Aeroporto Santos Dumont, no Rio - Reynaldo Vasconcelos/Futura Press
12.ago.2013 - Aeroviários aposentados fazem greve de fome no Aeroporto Santos Dumont, no Rio Imagem: Reynaldo Vasconcelos/Futura Press

Carolina Farias

Do UOL, no Rio

12/08/2013 15h32

Três aposentados da Varig, empresa aérea brasileira que entrou em falência, estão acampados e em greve de fome no saguão de desembarque do aeroporto Santos Dumont, na região central do Rio. Um deles está sem comer há oito dias.

Há sete anos, cerca de 10 mil ex-funcionários da Varig e da Transbrasil lutam na Justiça para receber seus depósitos no fundo de pensão Aerus, que está sob intervenção da União. Segundo eles, o dinheiro recolhido pelas empresas não foi repassado ao Aerus, o que acabou deixando o fundo sem verba. Sem o dinheiro, o Aerus passou a pagar cada vez menos as aposentadorias complementares. 

De acordo com José Manuel da Rocha da Costa, 67, que começou o movimento, os aposentados montaram o acampamento no aeroporto para chamar a atenção do STF (Supremo Tribunal Federal). O Supremo sinalizou que pode mudar para setembro a data do julgamento da ação civil pública que prevê o pagamento integral das aposentadorias. Isto porque, o STF retoma, na próxima quarta-feira (14), o julgamento do mensalão.

Grevistas querem chamar atenção de Joaquim Barbosa

Para aguentar ficar sem comer, os aposentados bebem água, e água de coco. Costa diz não sentir fome, e que o mais difícil é a hora de dormir. "Além do chão duro, aqui é muito barulhento. Ficar sem comer também dá muito cansaço", disse.

Os grevistas têm um acompanhamento de amigos médicos, que verificam a pressão arterial e os níveis de glicose, além de também contarem com o ambulatório da Infraero (estatal que administra o aeroporto). Até o momento, nenhum deles precisou de socorro.

"Nos dois primeiros dias, passei mal, com tonturas e enjoos, mas, depois, meu corpo se adaptou", disse Izabel Regis, 51, comissária de bordo aposentada, que está há seis dias sem comer. "Eu sou atleta, tenho o corpo saudável.”

O comissário de voo aposentado Lucas Borges Alves, 67, também disse não sentir fome. "Hoje só acordei um pouco decepcionado. Achei que uma greve de fome iria causar mais impacto perante essa situação de injustiça, de descaso com os idosos", disse o aposentado, que está em greve de fome há quatro dias.

Os manifestantes montaram seu "acampamento" junto aos bancos de espera no setor de desembarque. Eles fizeram cartazes em português e inglês para chamar a atenção dos usuários do terminal -entre eles o presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, que mora também no Rio, além de Brasília.

"Estamos tentando descobrir que horas ele embarca", disse Costa, na esperança de que Barbosa ainda não tivesse embarcado para Brasília nesta segunda.

Experiente

Costa já tem experiência em greves de fome. No início de julho, ele ficou cinco dias sem comer em protesto para que o presidente do STF desse o parecer sobre a antecipação de tutela (adiantamento dos efeitos do mérito da ação) - Barbosa havia pedido vista seis meses antes. O comissário de bordo começou o movimento, também no Santos Dumunt, mas solitariamente.

"Deu resultado, cinco dias depois ele deu o parecer, negativo, mas deu", contou o aposentado.

Segundo ele, os aposentados devem decidir até quarta-feira (14) sobre os rumos da greve. Caso o julgamento da ação seja adiado, eles vão pensar em outra estratégia para chamar atenção das autoridades federais.