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Agência ameaça rebaixar nota de risco do Brasil por baixo crescimento

Maria Carolina Abe

Do UOL, em São Paulo

09/09/2014 11h34Atualizada em 09/09/2014 15h09

A agência de classificação de risco Moody's revisou, nesta terça-feira (9), a perspectiva da nota da dívida pública do Brasil de "estável" para "negativa", o que indica que pode cortá-la em sua próxima avaliação. 

Entre os motivos, a agência citou o baixo crescimento econômico, a queda da confiança do investidor e a tendência de alta da dívida do governo. 

Atualmente, a nota da Moody's atribuída ao país é "BAA2", dois degraus acima do piso da faixa considerada grau de investimento, e não especulativo. 

A decisão ocorre 11 dias após a divulgação de que a economia brasileira encolheu no primeiro e no segundo trimestre deste ano e que o país entrou em uma recessão técnica.

Em março, outra agência, a Standard & Poor's (S&P), cortou a nota de crédito do Brasil de "BBB" para "BBB-".

Crescimento abaixo do potencial se mantém, por 'fraquezas domésticas'

A agência projeta crescimento de menos de 1% neste ano e abaixo de 2% em 2015, o que está "abaixo do potencial do país, de cerca de 3%".

Segundo a agência, há poucos sinais de que o crescimento voltará ao potencial no curto prazo.

"Ainda que sejam observadas taxas de crescimento mais baixas em outros países latino-americanos, a desaceleração econômica no Brasil tem sido mais evidente e prolongada, o que a Moody’s acredita ser decorrência de fatores idiossincráticos que, em grande medida, refletem fraquezas domésticas", afirma a agência. 

"Diante da falta de sinais de uma recuperação, a Moody’s acredita que a próxima administração no Brasil enfrentará condições econômicas deprimidas", afirma, ainda.

Falta de confiança, baixo investimento, baixo crescimento

O principal fator por trás do baixo crescimento do Brasil, segundo a Moody's, é o baixo nível de investimento (medido pela formação bruta de capital fixo). 

Isso tem acontecido, de acordo com a agência, devido ao "sentimento negativo" dos investidores, descontentes com a "abordagem intervencionista" do atual governo, o que leva os índices de confiança a "recordes de baixa, com níveis divulgados semelhantes aos observados durante a crise financeira global em 2008 e 2009".

Em outras palavras, falta confiança do investidor, que deixa de investir e, consequentemente, o país não consegue retomar o crescimento econômico de forma sustentada.

'Tarefa crescentemente desafiadora' para o próximo governo

Em nota, a Moody's diz acreditar que o novo governo, qualquer que seja, "introduzirá medidas políticas para reverter a trajetória de crescimento". De todo modo, "a perspectiva negativa reflete a tarefa crescentemente desafiadora enfrentada pelo próximo governo".

A agência afirma que "qualquer ajuste levará tempo para fazer efeito" e que a economia deve passar, provavelmente, por "um ou dois anos de período de transição, depois que a nova administração tomar posse no dia 1º de janeiro de 2015".

"(...) qualquer reversão das tendências atuais apenas deve acontecer gradualmente, independentemente de qual candidato seja eleito", diz.

Agências de risco falharam na crise

As agências de classificação de risco, que dão notas para países, empresas e negócios, determinando sua suposta credibilidade financeira, foram muito criticadas por terem falhado na crise global de 2008/2009.

Elas deram boas notas para operações de vendas de hipotecas imobiliárias nos EUA que afundaram bancos e investidores e geraram a grande crise financeira.

O rating, ou classificação de risco, refere-se ao mecanismo de classificação da qualidade de crédito de uma empresa, um país, um título ou uma operação financeira.

Ele busca mensurar a probabilidade de calote de obrigações financeiras, ou seja, o não-pagamento, incluindo-se atrasos e ou falta efetiva do pagamento. O rating é um instrumento relevante para o mercado, uma vez que fornece aos potenciais credores uma opinião supostamente independente a respeito do risco de crédito do objeto analisado.

(Com Reuters)

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