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Airbus promove A380 como transportador de milhões de peregrinos a Meca

Andrea Rothman e Deena Kamel Yousef

Da Bloomberg

03/10/2014 15h31Atualizada em 03/10/2014 15h31

3 de outubro (Bloomberg) – O modelo A380 da Airbus, conhecido pelas suítes de primeira classe, enfeites de ouro e carpetes de fibras longas, enfrenta um futuro menos suntuoso como ponte aérea de peregrinos que poderia ajudar a reviver as vendas estagnadas do superjumbo.

O modelo de dois andares, com preço de US$ 414 milhões, poderia trocar os vinhos finos, a porcelana branca e as saladas de lagosta por assentos estreitos e um serviço frugal. A Airbus está promovendo o avião como idealmente adequado para se converter em transporte da peregrinação muçulmana até Meca.

Estabelecido como o avião mais glamoroso do mundo, utilizado por companhias aéreas exclusivas como a Emirates e a Singapore Airlines, a Airbus antevê um novo nicho para o maior avião comercial do setor transportando os milhões de fieis que visitam a cidade mais santa do Islã a cada ano.

Para obter vendas para um modelo que não consegue nenhuma linha aérea como cliente desde 2012, a empresa precisa convencer potenciais compradores de que o avião tem um lugar nas suas frotas além do Hajj (“peregrinação”), que dura uma semana.

“Todos os países islâmicos têm potencial”, disse Fouad Attar, diretor de gestão da Airbus para o Oriente Médio. “O A380 é um avião grande e requere conhecimento e organização. Estamos nos reunindo com companhias aéreas para trabalhar com elas em formas de melhorar a rede, ganhar mais dinheiro e lidar com esses eventos especiais”.

Mais ricos vão em jatinhos; para outros, é o 1º voo da vida

Espera-se que os muçulmanos façam a peregrinação pelo menos uma vez na vida. A Arábia Saudita designa aos países uma cota anual de acordo com sua população, que neste ano vai de 160 mil pessoas para a Indonésia até apenas 300 para o Turcomenistão.

Os mais ricos chegam com estilo em jatos privados, porém a experiência mais típica é a de centenas de visitantes apertados em antigos modelos Airbus e da Boeing Co. da década de 1980 para o que poderia ser o primeiro voo da sua vida.

O aeroporto de Jeddah, a porta de entrada para Meca, demonstra o nível da procura. A capacidade do lugar será quadruplicada para 80 milhões de pessoas por ano --cifra superior ao total de passageiros recebidos em 2013 por todos os centros do mundo exceto dois-- até 2035 por meio de um plano de crescimento de três etapas.

O aeroporto já tem voos diários com modelos A380 operados pela Emirates, com sede em Dubai, e seu terminal para o Hajj, que parece uma barraca, pode abrigar até 80 mil pessoas ao mesmo tempo.

A380 carrega até 850 pessoas

Maximizar o número de assentos disponíveis para lidar com o aumento vertiginoso das viagens durante o Hajj é o objetivo impulsionador para as companhias aéreas, disse Attar.

O A380 pode transportar até 850 pessoas em um desenho de classe única, embora os aviões com maior capacidade especificados até agora --da Transaero Airlines da Rússia-- terão 652 assentos.

Opções para aviões de classe única ou várias classes estão sendo ponderadas, bem como formas de mudar rapidamente o desenho para passar de um esquema a outro para voos pelo Hajj e voos comerciais, disse ele.

Outra opção: colocar mais assentos no A340

Em paralelo com sua campanha pelo A380, a Airbus também visa colocar mais assentos no modelo mais antigo A340, almejando companhias aéreas que queiram capacidade máxima com custos mínimos.

O plano poderia prolongar a vida operacional de um avião que deixou de ser produzido em 2011, impulsionando os valores residuais para operadores e locadores, entre eles alguns dos melhores clientes da companhia com sede em Toulouse, França.

“Vemos um bom mercado para o trânsito do Hajj”, disse Andreas Hermann, vice-presidente de gestão de ativos e aviões cargueiros da Airbus, em uma entrevista. Adicionar mais assentos diminuirá os custos por passageiro para o avião de quatro motores, que são mais altos do que aqueles para modelos de motor duplo como o A330, disse ele.