IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Unimed Paulistana demite 1.100 funcionários, um terço do total

Funcionários da Unimed Paulistana em manifestação em São Paulo no último dia 29 - Nelson Antoine/Frame/Estadão Conteúdo
Funcionários da Unimed Paulistana em manifestação em São Paulo no último dia 29 Imagem: Nelson Antoine/Frame/Estadão Conteúdo

Aiana Freitas

Colaboração para o UOL, em São Paulo

06/10/2015 06h00

A quebra da Unimed Paulistana não afeta apenas seus clientes, mas também os funcionários da operadora de planos de saúde. A empresa demitiu até agora um terço do seu total de funcionários.

A operadora tinha pouco mais de 3.000 funcionários. Segundo a própria Unimed Paulistana, 1.100 colaboradores da área administrativa foram demitidos, sendo que 700 foram dispensados prontamente e 400 estão cumprindo aviso prévio, ou seja, ainda estão trabalhando.

Os cerca de 2.000 funcionários da área assistencial, que atuam no hospital Santa Helena, que pertence à operadora, e nos Centros de Procedimentos e Apoio, continuam empregados.

Funcionários dizem que salário não foi depositado

Fábio Causin, gestor comercial que trabalhou na empresa por três anos e meio, está entre os demitidos que não precisaram cumprir aviso prévio.

Ele diz que, em setembro, recebeu apenas o adiantamento do dia 15, mas não o restante do salário, que deveria ter sido pago no dia 30. "Disseram que pagariam o salário de setembro juntamente com o valor da rescisão, no dia 9 de outubro", afirma.

Carla Janaína de Oliveira também está na empresa há três anos e meio. Grávida de quatro meses, não foi incluída nas demissões e continua trabalhando.

"Eu não assinei nada e não sei o que vai acontecer comigo. Não recebi o salário nem o vale-refeição. Estou tentando me acalmar por causa da gravidez, mas não sei o que vai acontecer", diz.

Segundo ela, entre os funcionários que continuam trabalhando, nem todos cumprem a jornada completa. "Alguns não vêm, e outros estão trabalhando só algumas horas e indo embora na hora do almoço, porque não têm o VR para comer", afirma.

A Unimed Paulistana diz que, como a empresa permanece em atividade, gestantes e mulheres que estão de licença-maternidade continuam no quadro de funcionários, uma vez que, por lei, têm estabilidade no emprego.

A empresa não se manifestou sobre o suposto atraso no pagamento dos salários e dos benefícios.

Sindicato pede bloqueio dos ativos da empresa

O Sindicato dos Empregados de Cooperativas Médicas no Estado de São Paulo (Secmesp) diz que teme que a operadora não consiga honrar os compromissos e direitos trabalhistas dos empregados.

O sindicato informa que entrou com uma ação na Justiça pedindo o bloqueio dos ativos financeiros em nome da Unimed Paulistana para garantir os pagamentos.

Não houve interessados na carteira de clientes

Quando anunciou a quebra da Unimed Paulistana, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determinou um prazo de 30 dias para a operadora repassar seus clientes para outra empresa.

Esse prazo venceu na última sexta-feira (2), mas, como não houve interessados, antes disso a ANS fez um acordo que prevê que outras operadoras do sistema Unimed assumam, sem carência, parte dos clientes.

Esse acordo beneficiou apenas clientes de planos individuais, familiares e empresariais com menos de 30 usuários.

Clientes de planos empresariais com mais de 30 usuários e de planos coletivos por adesão (contratados por meio de entidades de classe, como sindicatos), que eram mais de metade do total, não foram contemplados.

Segundo a ANS, como eles fazem parte de grandes grupos de beneficiários, a negociação de seus planos é mais fácil e eles já foram absorvidos por outras empresas.