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Manifestantes dizem que McDonald's desrespeita leis trabalhistas; rede nega

Suamy Beydoun/Futura Press/Estadão Conteúdo
Imagem: Suamy Beydoun/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

14/04/2016 20h58Atualizada em 14/04/2016 20h58

A rede de fast food McDonald's foi alvo de protestos em São Paulo nesta quinta-feira (14). Entre 500 e 800 pessoas participaram da manifestação na avenida Paulista, segundo estimativa do Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de São Paulo (Sinthoresp).

De acordo com a entidade, que organizou a mobilização, o ato faz parte de uma campanha mundial contra  desrespeito a direitos trabalhistas, como acúmulo de função, falta de equipamentos de proteção individual, assédio moral e salários inferiores ao mínimo. 

Houve protestos também em outros países, como França e Estados Unidos.

O McDonald’s afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que respeita a legislação e que, na cidade de São Paulo, o Sinthoresp não representa os trabalhadores do setor, conforme decisões recentes no Tribunal Superior do Trabalho (TST). 

Passeata na avenida Paulista

A concentração do protesto em São Paulo começou por volta de 10h no vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo), e seguiu em passeata em direção à praça Ramos de Azevedo, no Centro, onde há uma lanchonete da rede.

O ex-funcionário do McDonald's Lucas da Cruz Marques, 20, disse à Agência Brasil que trabalhou como atendente na empresa no turno da madrugada. Ele afirmou que acumulava outras funções, como recebimento de cargas e manuseio de produtos químicos, por vezes sem equipamento de proteção adequado. "Ficava até duas horas numa câmara fria, usando só um jaleco."

Marques diz, ainda, que o intervalo durante a jornada de trabalho não era respeitado e que alguns funcionários recebiam salário abaixo do mínimo. "A gente tinha que comer um lanche sem cumprir uma hora de almoço; eram 15 minutos. Mas batia a marcação como se tivesse descansado por uma hora", disse.

Rafael Costa da Silva, 27, disse que trabalhou por 5 anos no McDonald's e que chegou ao cargo de gerente. Ele afirma ter ficado doente em razão do descumprimento de normas trabalhistas. "Quando fazia o fechamento, mexia na chapa quente, fazia troca de óleo, sem o equipamento necessário. As botas não tinham uma limpeza correta e escorregavam. O casaco da câmara fria, de menos 21 graus, fedia. O gerente me pedia para entrar na câmara, não tinha tempo para pôr o casaco, eu colocava só um jaleco quente da chapa e entrava. Tive princípio de pneumonia", disse.

McDonald's: respeito à lei e sindicato sem representação

Veja abaixo a íntegra da resposta encaminhada pelo McDonald's ao UOL por meio da assessoria de imprensa.

"A companhia informa que respeita manifestações de cidadãos e sindicatos e esclarece que os 35 mil funcionários da empresa são representados por 80 sindicatos em todo o país, conforme orientação do Ministério do Trabalho." 

"Especificamente na cidade de São Paulo, o sindicato em questão, que organiza as manifestações com o amparo de outras entidades, não possui legitimidade para representar os trabalhadores do setor, conforme decisões recentes no Tribunal Superior do Trabalho (TST)."

"Trata-se de uma disputa sindical, que já dura quase 20 anos, a respeito da representatividade do setor, e que utiliza o McDonald’s como bandeira para ganhar visibilidade. As manifestações de hoje simbolizam mais um capítulo desta batalha entre sindicatos e não tem adesão de funcionários da empresa."

"Temos convicção do cumprimento da legislação, seguida pela companhia desde a abertura do seu primeiro restaurante brasileiro, há 37 anos. Em mais de três décadas de Brasil, a Arcos Dorados, maior franqueadora da marca McDonald’s no mundo, é uma das melhores empresas para se trabalhar no país e trata seus funcionários com ética e respeito. Tanto que suas práticas laborais são premiadas e reconhecidas por instituições respeitadas pelo mercado."

"Ao longo desses anos, a empresa já capacitou mais de 1,5 milhão de pessoas tanto para as funções operacionais, quanto para valores como trabalho em equipe, comunicação, liderança e hospitalidade. O investimento anual superior a R$ 40 milhões em treinamento possibilita que esses jovens tenham oportunidades de carreira e crescimento profissional e pessoal e rápido avanço salarial."?

Veja o que diz o sindicato

O sindicato confirmou ao UOL que, legalmente, não representa mais os funcionários do McDonald's na capital paulista, mas afirmou que ainda há empregados da rede filiados em outros municípios.

A entidade afirmou, ainda, que a manifestação foi pelos direitos dos trabalhadores da rede em geral.

(Com Agência Brasil)