Inflação desacelera e fecha junho em 0,35%, a menor para o mês desde 2013
Do UOL, em São Paulo
A inflação oficial no Brasil desacelerou e fechou o mês de junho em 0,35%, a menor para o mês desde 2013 (0,26%). Em maio, a alta dos preços foi de 0,78% e, em junho do ano passado, de 0,79%.
Em 12 meses, a alta dos preços (8,84%) foi a menor desde maio do ano passado (8,47%), mas ainda está muito acima do limite máximo da meta do governo. O objetivo é manter a inflação em 4,5% ao ano, mas com tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos, ou seja, podendo oscilar de 2,5% a 6,5%.
Os dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) foram divulgados nesta sexta-feira (8) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Para Eulina Nunes dos Santos, economista do IBGE, "O IPCA mostra tendência de desaceleração mais consolidada. A insistência na (alta nos preços de) alimentos ainda segura essa trajetória, que depende muito de clima e de oferta".
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- http://economia.uol.com.br/enquetes/2016/06/24/o-preco-do-feijao-pesou-no-seu-bolso.js
Com os dados de junho, o primeiro semestre do ano terminou com inflação de 4,42%, bem abaixo dos 6,17% registrados em igual período de 2015.
Em 2015, a inflação foi de 10,67%.
Preço do feijão dobrou em 12 meses
Com grande peso no índice de inflação, o grupo dos alimentos foi o que mais puxou a alta de preços (+0,71%).
O feijão carioca foi o produto que mais subiu no mês (+41,78%). No período de 12 meses, o preço do feijão mais que dobrou, com alta de 105,26%. Boa parte desse aumento aconteceu apenas neste ano (+89,26%).
Outros tipos de feijão, como o mulatinho, o preto e o fradinho, também dispararam.
Muito consumido pelos brasileiros, o feijão carioca acabou virando alvo de piada nas redes sociais. O principal motivo para a alta nos preços é o clima, que prejudicou a produção. Com menos feijão no mercado, o preço acabou subindo.
Em algumas lavouras, foi registrado até o roubo de quilos do produto ainda no pé.
No final de junho, o presidente interino Michel Temer anunciou a liberação da importação de feijão carioca de países do Mercosul para tentar forçar os preços para baixo.
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou que, com a importação, a oferta do produto no mercado deve aumentar em até 90 dias.
Porém, especialistas contestam a eficácia da medida porque a variedade de feijão mais consumida no Brasil, o carioca, não é produzida em outros países. Assim, não entrará na "cota" de importados justamente o feijão cujo preço mais subiu.
Leite e chocolate mais caros
O leite e seus derivados, como manteiga, também estão mais caros nos supermercados. Em junho, o preço do leite longa vida avançou 10,16% e, no ano, já subiu 26,7%.
Com a quebra da safra de cacau na Bahia, devido à seca que atinge a região, o chocolate encareceu 5,20% em junho e 15,03% no ano.
Por outro lado, alguns alimentos ficaram mais baratos em junho, como a cenoura (-23,72%), a cebola (-17,78%), e as frutas, em geral (-7,58%). O tomate, que virou até meme nas redes sociais há alguns anos, por causa de uma disparada nos preços, ficou 8,08% mais barato.
Inflação e juros
A inflação alta tem sido uma das principais dores de cabeça para o Banco Central nos últimos anos. A taxa de juros é um dos instrumentos mais básicos para controle da alta de preços.
Quando os juros sobem, as pessoas tendem a gastar menos e isso faz o preço das mercadorias cair (obedecendo à lei da oferta e procura), o que, em tese, controlaria a inflação.
Porém, a taxa de juros já está alta e aumentá-la ainda mais poderia comprometer a retomada do crescimento da economia. O Banco Central tem dito que buscará deixar a inflação dentro da margem de tolerância deste ano, e por isso sinalizou que não deve diminuir os juros, atualmente em 14,25% ao ano, nos próximos meses.
Perspectivas
A projeção para a inflação no final de 2016 caiu de 7,29% para 7,27%, segundo o último Boletim Focus, com as expectativas de economistas consultados pelo Banco Central.
Para os próximos 12 meses, a projeção de inflação caiu de 5,98% para 5,90%. Para 2017, os economistas reduziram a previsão, de 5,5% para 5,43%%.
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Feijão caro faz prato feito ficar menor e com marca mais barata
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