Usar carro para garantir empréstimo dá juro menor, mas você pode ficar a pé
O seu carro parado na garagem pode ser a solução para as suas dívidas. Ele serve como garantia para fazer um empréstimo mais barato e sair de dívidas caras.
O refinanciamento de veículo é uma das opções de empréstimo que mais têm crescido no país, segundo especialistas ouvidos pelo UOL. Nessa modalidade, você pega um empréstimo colocando o seu carro como garantia de pagamento. Os juros são mais baixos, mas é preciso cuidado porque você pode perder o veículo se não pagar o empréstimo.
São três motivos principais para esse crescimento, afirmou Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil. "Ele garante crédito a quem não tem histórico com bancos ou pouco a mostrar a seu favor, pode garantir um valor maior de empréstimo, em relação ao crédito pessoal, e tem juros menores que outras modalidades", disse.
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Juros cobrados começam em 1,2% ao mês
Os juros do refinanciamento de veículo começam em 1,2% ao mês. Nos cinco maiores bancos do país, os juros do crédito pessoal variam de 4,33% a 5,91% ao mês, segundo dados do Banco Central.
Além de fintechs e financeiras, grandes bancos, como Banco do Brasil, Bradesco e Santander, também oferecem a modalidade para correntistas. As taxas variam de acordo com o relacionamento que o cliente tem com a instituição e com o ano do carro colocado em garantia. Veja comparação:
Alternativa para juros altos do mercado
"Esse tipo de crédito é uma alternativa que o mercado encontrou para as altas taxas de juros", afirmou Marcelo Ciampolini, CEO da Lendico, plataforma de empréstimos. Segundo ele, há espaço para o crescimento desse tipo de crédito.
A Creditas, que trabalha com empréstimos com garantia de carro e imóvel, viu de perto esse crescimento. Nos últimos três anos, a empresa movimentou quase R$ 300 milhões somente com refinanciamento de veículo, segundo o CEO e fundador da fintech, Sergio Furio.
"O crescimento foi exponencial por causa das taxas mais baixas, do prazo mais longo de pagamento e do processo relativamente simples, completamente digital, que libera o crédito em até 48 horas", disse.
Em 2016, quando a fintech passou a oferecer crédito com garantia de veículos, ela recebia 21 mil solicitações por ano. Ano passado, foram 300 mil solicitações, com valor médio de R$ 18 mil e uma taxa de inadimplência de 0,8%.
Muita gente endividada fez o negócio crescer
O aumento nas buscas por esse tipo de crédito aconteceu principalmente por causa da crise econômica, que causou mais dívidas. Segundo Paula Bazzo, administradora e consultora de finanças, a busca é pela troca da dívida cara, com juros mais altos, pela dívida barata, de juros menores.
Segundo a Creditas, 51% do crédito concedido nessa modalidade é usado para refinanciamento de dívidas, 13% para investimento em negócio próprio e 12% para reformas. Na FinanZero, 60% do crédito com o carro em garantia é para pagar dívidas.
Risco é perder o carro e se complicar mais ainda
Apesar de ter vantagens, o refinanciamento de carro é um empréstimo como qualquer outro: ao contratá-lo você contrai uma dívida e pagará juros. E caso não pague o crédito você perde o carro e pode complicar ainda mais seu orçamento.
A contratação por meio de aplicativos e sites pode piorar a situação, segundo Marcela Kawauti, do SPC Brasil. "O risco embutido na simplicidade é acabar fazendo algo por impulso. Se você tivesse de ir ao banco, essa decisão seria mais pensada. Quando é digital e mais simples o processo, pode ser que você pegue um crédito do qual se arrependa depois", afirmou.
Contratar um crédito maior do que de fato precisa é outro risco. No refinanciamento, o crédito pode representar até 90% do valor do veículo e, dependendo do modelo, esse valor pode ser bem maior do que aquele que o consumidor precisa.
"Os juros menores representam um incentivo para essa contratação, e as pessoas se expõem mais. Mas às vezes é melhor pegar um crédito de outra modalidade, de valor menor, para se expor muito menos ao endividamento", afirmou a economista.
"Pegar um empréstimo maior do que precisa é um convite para gastar mais do que você deve", disse a consultora financeira Paula Bazzo. Sem planejamento, o consumidor, além de perder o carro, ganha uma dívida muito maior do que a inicial.
(Reportagem: Camila Mendonça; edição: Armando Pereira Filho)
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