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Quer aplicar na Bolsa, o melhor investimento em 2016? Veja dicas e cuidados

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Imagem: Getty Images

Téo Takar

Colaboração para o UOL, em São Paulo

05/01/2017 06h00

A Bovespa foi o melhor investimento de 2016, com ganho de quase 39%, e muitos podem estar pensando em aplicar em ações neste ano. Vale a pena? É para você? Que cuidados tomar?

Analistas ouvidos pelo UOL afirmam que as perspectivas para as ações neste ano ainda são boas pelas seguintes razões:

  • Os juros básicos (a taxa Selic) devem cair, e outros investimentos não vão render tanto
  • Há tendência de recuperação da economia no médio prazo
  • Reformas propostas pelo governo animam o mercado

“As ações procuram sempre antecipar expectativas do que deve ocorrer com a economia e com determinada empresa lá na frente”, diz o analista Marco Saravalle, da XP Investimentos. “Eu continuo otimista para 2017, mas um pouco mais cauteloso do que no ano passado.”

Primeiro de tudo: não pense que vai ganhar muito

Ele alerta que o investidor não deve esperar ganhos exorbitantes em pouco tempo, como aconteceu com alguns papéis em 2016. As ações da rede de varejista Magazine Luiza, por exemplo, subiram mais de 500%. E os papéis da mineradora Vale dobraram de preço. “Isso não deve se repetir em 2017”, afirma Saravalle.

“Criou-se uma expectativa muito grande. Mas o que estamos vendo agora é que a recuperação da economia ainda será lenta e gradual. Não há um potencial de valorização tão alto para as ações”, explica o analista da XP.

CDB e Tesouro Direto não vão render tanto

A forte queda dos juros esperada para este ano favorece o investimento em ações. No ano passado, você podia aplicar em um CDB ou no Tesouro Direto e obter um retorno de 15% ao ano. Não valia a pena arriscar em Bolsa, afirma o analista Pedro Galdi, da consultoria Upside Investor. Com juros menores, mais investidores podem procurar ações.

Supermercados e lojas de roupas são indicadas

Mas em que ações investir? Galdi diz que empresas ligadas a consumo devem se destacar nos próximos meses:

  • Supermercados
  • Comércio de roupas
  • Comércio de eletrodomésticos

O consumo dessas áreas deve aumentar porque os juros menores vão estimular os clientes a fazerem mais prestações, declara Galdi.

Juros menores também significam mais lucros para as empresas porque elas diminuem seus gastos com pagamento de dívidas. Se a Selic encerrar 2017 em 10%, o lucro médio das empresas deve subir 15% neste ano só com essa economia, diz Saravalle.

Se a receita com vendas crescer entre 2% e 4% acima da inflação, o aumento no lucro pode chegar a 22%. Com mais lucros, os preços das ações tende a subir, afirma o analista da XP.

Aeroportos e estradas também devem ir bem

Alguns eventos esperados para este ano também podem deflagrar bons ganhos com ações. Um dos mais aguardados é a retomada do leilão de concessões de aeroportos e rodovias federais. “Vale a pena ficar de olho nas empresas que atuam nessa área, e também nas fornecedoras de insumos, como o aço longo”, afirma Pedro Galdi.

Mas não adianta querer comprar as ações no dia do leilão e achar que vai ganhar uma bolada de uma vez . Boa parte da alta dos papéis acontece dias e até semanas antes do evento esperado. Portanto, é preciso ficar atento ao noticiário, às informações divulgadas pelas empresas e aos relatórios dos analistas.

O investidor deve procurar se antecipar aos movimentos e comprar as ações no momento certo, bem como saber qual é a hora de vendê-las e embolsar os ganhos. “É muito comum ver as pessoas fazendo justamente o contrário: comprar quando o papel já subiu muito, e acabar vendendo com prejuízo”, diz Galdi.

Lava Jato, Trump, Temer: Bolsa sempre tem riscos

Essas avaliações são racionais, mas a Bolsa está sempre sujeita a riscos inesperados. É o que se chama no mercado de volatilidade. E, em um mundo globalizado, mesmo eventos em outros países, como Estados Unidos e China, acabam tendo impacto direto sobre as companhias brasileiras.

Dois fatos recentes provocaram grande volatilidade na Bovespa e ainda prometem surpresas para 2017: a Operação Lava Jato e o presidente eleito dos EUA, Donald Trump. Novas denúncias na Lava Jato e medidas polêmica de Trump, que tem personalidade forte e imprevisível, podem mexer com os papéis.

É claro que a política brasileira também influencia bastante as ações. "O governo deve fazer a lição de casa”, avalia o sócio da plataforma de investimentos Modalmais, Rodrigo Puga. “Houve uma mudança importante de cenário em 2016, com o controle da inflação e o ajuste fiscal. Mas ainda há muito para ser feito, como a reforma da Previdência. Se a política e a economia caminharem bem, as empresas vão se recuperar e mostrar resultados”, afirma Puga.

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(Edição de texto: Armando Pereira Filho)