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Queda nos preços de alimentos levou à inflação fora da meta, diz BC

Do UOL, em São Paulo

10/01/2018 16h31Atualizada em 10/01/2018 17h26

A queda dos preços dos alimentos em 2017 puxou a inflação oficial do país para abaixo do limite mínimo da meta do governo. A justificativa foi apresentada nesta quarta-feira (10) pelo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, em carta aberta ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. 

O Brasil teve inflação de 2,95% no ano passado. A meta era manter a alta de preços em 4,5%, podendo variar entre 3% e 6%. 

"A inflação medida pelo IPCA situou-se ligeiramente abaixo do limite inferior do intervalo de tolerância da meta em razão da deflação dos preços de alimentação no domicílio", diz Goldfajn.

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Quando o país descumpre a meta anual, com a inflação acima ou abaixo do limite tolerado, o presidente do Banco Central precisa enviar uma carta aberta ao ministro da Fazenda explicando por que ela não foi cumprida, quais ações serão adotadas e o tempo esperado para que essas medidas surtam efeito. 

Na justificativa, Goldfajn aponta que o subgrupo alimentação no domicílio encerrou 2017 com deflação de 4,85%. "Se excluirmos do IPCA o subgrupo alimentação no domicílio, fazendo posteriormente a reponderação do índice, a inflação passaria de 5,68% em 2016 para 4,54% em 2017, valor muito próximo à meta de inflação para esse ano." 

Inflação em 2018

O presidente do BC afirma ainda que a inflação já caminha em direção à meta oficial em 2018, acrescentando que a condução da política monetária continuará dependendo de diversos fatores, entre eles projeções e expectativas de preços.

A meta de inflação é exatamente a mesma para este ano. Em seu último relatório trimestral de inflação, o BC projetou alta de 4,2% para 2018. Economistas participantes da pesquisa Focus, por sua vez, veem o índice em 3,95% neste ano. 

Olhando para frente, Goldfajn ressaltou que o BC "tem calibrado a taxa de juros, e continuará a fazê-lo, com vistas ao cumprimento das metas".

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Queda de juros

O baixo patamar da inflação pode abrir caminho para o BC seguir cortando os juros básicos depois de os ter levado à mínima histórica de 7% no final do ano passado. A aposta majoritária do mercado é de redução de 0,25 ponto em fevereiro, primeira reunião do ano do Copom (Comitê de Política Monetária).

Os juros são usados pelo BC como uma ferramenta para tentar controlar a inflação. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a caírem. Quando a inflação está baixa, o BC derruba os juros para estimular o consumo. 

Na carta, o presidente do BC apontou que houve "comportamento excepcional" dos preços dos alimentos em 2017, decorrente da oferta recorde de produtos agrícolas, movimento fora de seu alcance. "Não cabe inflacionar os preços da economia sobre os quais a política monetária tem mais controle para compensar choques nos preços de alimentos", disse ele. 

Meta para inflação

Em 1999, o país deixou de ter o câmbio controlado e, com isso, houve dúvidas se conseguiria manter a inflação controlada ou se a estabilidade conquistada com o Plano Real, em 1994, iria "por água abaixo". Para tentar tranquilizar a população e o mercado, o governo adotou o sistema de metas para a inflação. O governo divulga publicamente um valor, e o Banco Central se compromete a buscar esse objetivo. 

No Brasil, a meta para a inflação é definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), formado pelo presidente do Banco Central e pelos ministros do Planejamento e da Fazenda. 

Parte do regime de metas para a inflação no Brasil, a carta aberta é um instrumento pelo qual o Banco Central presta contas à sociedade sobre o cumprimento das metas fixadas pelo CMN. Esta é a primeira vez que a meta é descumprida por ficar abaixo do piso. A meta ficou acima do teto quatro vezes: 2001, 2002, 2003 e 2015.

(Com Reuters e Agência Brasil)