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Pote a vácuo e panela de pressão fazem papinha pronta durar 1 ano; entenda

Thâmara Kaoru

Do UOL, em São Paulo

14/07/2018 04h00

A correria do dia a dia nem sempre permite que as mães preparem papinha caseira para os filhos. Pensando nisso, empresas oferecem opções prontas, com sabores desde maçã e banana até arroz com estrogonofe. 

Mas, como a papinha dura por um ano fora da geladeira? Há uso de conservantes? Faz mal para as crianças? O UOL acompanhou o processo de produção das papinhas de bebê da Nestlé em São José do Rio Pardo, a 254 km de São Paulo, e ouviu especialistas para responder a essas perguntas.

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Produtores de legume perto da fábrica

Cenoura, batata, mandioquinha, cebola, feijão, repolho e batata-doce. Esses sete produtos vêm de 26 produtores localizados a, no máximo, 50 km de distância da fábrica. Em geral, os produtos chegam no mesmo dia e seguem para a linha de produção.

Outros ingredientes como carnes, frangos, macarrão e grãos, além de banana, mamão, maçã, laranja, pera, tomate e milho chegam de outras regiões do país.

Os produtos não são orgânicos. 

Papinha cozinha por 15 minutos na panela

Na fábrica, os legumes passam por um processo de limpeza. São descascados por máquinas e selecionados por funcionários para remover imperfeições. De acordo com cada receita, os ingredientes são pesados e dosados, os legumes são moídos e tudo segue para as panelas. A papinha cozinha, em média, por 15 minutos.

O próximo passo é embalar as papinhas. Os potinhos são verificados para checar se há defeitos. Se estiver tudo certo, os potes são higienizados com água quente, recebem a papinha e depois são fechados a vácuo. Depois, os potes ainda passam por uma espécie de panela de pressão, em uma máquina que usa calor e pressão para esterilizar os produtos. 

São produzidos, no máximo, dois tipos de papinha por dia. Para a troca de receita, é preciso fazer uma limpeza nas máquinas. Essa limpeza pode levar 15 minutos, se forem usadas as mesmas matérias-primas na receita (por exemplo, mudar de papinha de maçã para a de maçã e banana), ou até uma hora e meia, no caso de produtos alergênicos (por exemplo, ao mudar de papinha de banana com aveia para qualquer outra receita).

O que faz a papinha ficar conservada?

Os potes de papinha são fechados a vácuo. Um jato de vapor elimina o oxigênio entre o produto e a tampa para fazer esse trabalho. Os potinhos fechados são enviados para um tratamento térmico, como uma panela de pressão, e ficam por lá entre uma hora e uma hora e meia, dependendo da receita.

Segundo a empresa, a embalagem a vácuo e o tratamento térmico é que permitem que o produto seja preservado fora da geladeira sem o uso de conservantes.

Para a professora da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp Gláucia Pastore, o processo de produção de papinha industrial é similar ao feito em casa. “Quando se faz a papinha em casa, o processo é parecido. Também vai ser necessário fornecer calor para amolecer os ingredientes e, depois, homogeneizar. As papinhas oferecem praticidade. Não vejo nenhum problema que possa comprometer o desenvolvimento da criança. Eu acredito que nutricionalmente seja a mesma coisa.”

Pediatra: uso é seguro, mas requer moderação

Para Artur Figueiredo Delgado, médico pediatra da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, a papinha industrializada é segura, mas deve ser usada com moderação.

As papinhas industrializadas não têm conservantes nem corantes. São indicadas para situações em que não há condições de fazer a papinha em casa. Em viagem, por exemplo, é comum. É um produto estéril e é uma oferta segura por não ter contaminações. Mas é para uso eventual.
Artur Figueiredo Delgado, pediatra

Ele não recomenda o uso frequente de papinhas industrializadas porque estimulam menos a criança a aprender o processo de engolir. "Nas papinhas feitas em casa, você pode alterar as texturas e os sabores. Já as industrializadas são mais padronizadas. É importante ter heterogeneidade para estimular a deglutição. Precisa ser treinada. As diferentes texturas fazem que isso seja estimulado."

Segundo Delgado, a recomendação da Organização Mundial da Saúde é que a alimentação da criança seja exclusiva de aleitamento materno até os seis meses. Após esse período, é possível começar a introduzir alguns alimentos. O ideal é que até o sétimo mês o bebê já tenha alguma alimentação complementar, como frutas e legumes.

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